Economia

Grécia encerra recuperação sem motivos para comemorar

Mesmo com o fim do programa, país permanecerá pagando pela crise

Duro ajuste: a Grécia sai da recuperação com 27% de desemprego (Yannis Behrakis/Reuters)

Duro ajuste: a Grécia sai da recuperação com 27% de desemprego (Yannis Behrakis/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 06h28.

Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 07h32.

A Grécia encerrou ontem seu programa de recuperação e inicia uma “nova” fase econômica no país. Para celebrar a conquista, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, fará um discurso para a população, nesta terça-feira.

O caminho para o discurso de Tsipras foi longo e atribulado. O país entrou com um plano de recuperação e um programa de austeridade fiscal em 2009, quando passava por uma grave crise econômica, consequência da crise que assolou todo o território europeu.

Para se recuperar, contou com um empréstimo de mais de 330 bilhões de dólares financiados pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional, em 2010, 2012 e 2015.

O pagamento exigiu diversos sacrifícios para o governo, e consequentemente para sua população. Tsipras fez o dever de casa enviado por seus credores: aumentou os impostos e reverteu algumas reformas sociais estabelecidas antes da crise. As medidas do primeiro-ministro grego foram vistas como um tiro em seu próprio pé, uma vez que ele teve que enfrentar resistência dentro do próprio governo. Tsipras é visto como um traidor por parte importante da população grega. Candidato de esquerda, o primeiro-ministro é acusado de ter ignorado o referendo de 2015, em que 61,3% das pessoas votaram contra as condições de austeridade impostas pelos credores do país em troca de ajuda financeira.

O preço que a população queria evitar é caro. Segundo a Câmara do Comércio, 924.000 pessoas estão desempregadas (quase 27% da população) e 250.000 estabelecimentos comerciais foram fechados.

E, mesmo com o fim do programa, o país permanecerá pagando pela crise: a Grécia comprometeu-se a exigir superávits orçamentários primários – excluindo despesas com serviços da dívida – de 3,5% da produção econômica anual até 2022, e de 2,2% até 2060.

Às Sete – um guia rápido para começar seu dia

Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:

Para os que recusavam a participação do programa, um exemplo no mesmo continente deixou a conta mais difícil de ser digerida: o governo de Portugal aplicou medidas de austeridade, mas nos últimos três anos voltou a impulsionar a economia, e mostrou para o mundo que era possível se recuperar de uma crise com mais investimentos. O resultado foi a volta do crescimento com as contas em ordem. O governo português está no caminho de alcançar um superávit até 2020, e cercado por um sentimento de entusiasmo entre os empresários do país.

O discurso de Tsipras será realizado na ilha de Ítaca, simbolicamente conhecida na mitologia Grega por ser o lar do herói Odisseu. No clássico conto de Homero, Odisseia, o protagonista percorre longos dez anos de aventuras e enormes desafios antes de retornar ao seu lar.

Acompanhe tudo sobre:Alexis TsiprasÀs SeteEuroExame HojeFMIGréciaUnião Europeia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor