Banco grego que amanheceu pichado com os dizeres "fora, FMI!" (.)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2010 às 16h47.
Atenas - A ajuda que a Europa e o FMI injetarão nos cofres públicos da Grécia evitará a falência imediata do país, mas os especialistas duvidam que seja o suficiente para saldar a dívida, levando em conta a paralisia da economia e as dificuldades que a nação enfrentará para aplicar o plano de austeridade.
O governo socialista grego se dispõe a colocar em andamento os severos cortes fiscais exigidos pela UE e o FMI em troca da ajuda de 110 bilhões de euros, apesar da revolta dos sindicatos, que convocaram uma grave geral de 24 horas para a próxima quarta-feira.
Um dia depois do governo anunciar um colossal plano de poupança de 30 bilhões de euros entre 2010 e 2012, o primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, disse que a cura da austeridade propiciará "mudanças de que o país necessita há anos".
"São dias difíceis, mas temos que acreditar - e eu acredito - que esta é a oportunidade de empreeender um novo começo", declarou Papandreou antes de reunir com o presidente Carolos Papoulias.
Os países da Zona Euro aprovaram no domingo um plano de socorro à Grécia sem precedentes, totalizando 110 bilhões de euros, com o apoio do FMI, após Atenas concordar com drásticas medidas de austeridade.
A ajuda somará 110 bilhões de euros, durante três anos, dos quais 80 bilhões sairão de empréstimos bilaterales de sócios da zona euro, e o restante do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para 2010, os europeus liberarão 30 bilhões de euros e o FMI outros 15 bilhões. O dinheiro começará a entrar antes de 19 de maio, quando a Grécia deverá honrar nove bilhões de euros de sua dívida.
O plano de rigor pretende reduzir o déficit público grego de 13,6% do PIB registrado em 2009 a menos de 3% em 2014.
Para isso, o governo decidiu, entre outras medidas, suprimir os bônus dos funcionários e pensionistas do setor público, auemntar a idade de aposentadoria das mulheres em cinco anos (65 anos) e subir a principal taxa do IVA em dois pontos (23%), além de reduzir os investimentos públicos.
O plano deve ser aprovado esta semana pelos Parlamentos de vários países, entre eles o da Alemanha, e depois pelos chefes de Estado e de Governo da Eurozona, que se reunirão na sexta-feira em Bruxelas.
Segundo uma fonte oficial grega, o dinheiro chegará antes de 19 de maio, data em que Atenas enfrenta os vencimentos da dívida de nove bilhões de euros.
"Era indispensável ativar esse total imediatamente, mas isso não resolve o problema a longo prazo: a dívida da Grécia é muito grande", afirmou Fredrik Erixon, diretor do Centro Europeu de Política Econômica Internacional.
A imprensa grega destacou nesta segunda-feira que os cortes anunciado marcam o fim de uma era o início de uma etapa de sacrifícios.
"Nosso modo de viver, de trabalhar, de consumir e organizar nossas vidas nesta parte dos Bálcãs terminou ontem (domingo", afirma o editorka do jornal pró-governamental Ta Nea.
O severo ajuste desatou a indignação dos sindicatos, que para este quarta convocaram a terceira greve geral em cerca de três meses.
A Confederação de Sindicatos se solidarizou com eles, dizendo que os trabalhadores gregos não podem pagar um preço injusto pelo resgate do país.