Economia

Grécia e zona do euro fecham acordo por extensão de resgate

A Grécia e os ministros das Finanças da zona do euro chegaram a um acordo por uma extensão de 4 meses do programa de resgate


	Bandeiras da Grécia (D) e da União Europeia
 (Yves Herman/Reuters)

Bandeiras da Grécia (D) e da União Europeia (Yves Herman/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2015 às 20h15.

Bruxelas - Os ministros das Finanças da zona do euro acertaram em princípio nesta sexta-feira estender o resgate financeiro da Grécia por quatro meses, removendo o risco potencial de o país ficar sem recursos em março, o que poderia levar Atenas a ser forçada a abandonar a moeda comum.

O acordo, que será ratificado uma vez que os credores da Grécia estejam satisfeitos com a lista de reformas que o país terá que apresentar na semana que vem, encerra um período de incertezas desde a eleição de um governo de esquerda em Atenas, que se comprometeu a reverter as medidas de austeridade.

"Hoje foi um primeiro passo neste processo de reconstruir a confiança", disse o presidente do Eurogrupo que reúne 19 países, Jeroen Dijsselbloem, em entrevista coletiva. O acordo, alcançado depois da terceira reunião ministerial em duas semanas e declarações públicas amargas, garante uma margem de manobra para o novo governo grego tentar negociar a redução da dívida de longo prazo com os seus credores oficiais.

Mas também força o jovem e radical primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a recuar na sua promessa de descartar o resgate, acabar com a cooperação com a "troika" de credores internacionais e reverter as medidas de austeridade.

A Alemanha, maior credor da Grécia, havia exigido "melhoras significativas" nos comprometimentos com reformas do novo governo esquerdista de Atenas antes de aceitar a extensão do financiamento da zona do euro.

Os dois principais opositores nas negociações classificaram o resultado de maneira totalmente diferente. "Estar no governo é um encontro com a realidade, e a realidade muitas vezes não é tão boa quanto um sonho", disse o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, a jornalistas, ressaltando que Atenas não receberá novos desembolsos até o seu programa de resgate ter sido devidamente concluído.

"Os gregos certamente terão dificuldade em explicar o acordo aos seus eleitores", disse o veterano conservador.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, disse que as negociações mostraram que eleições podem trazer mudanças para a Europa. Ele insistiu que conseguiu evitar "medidas recessivas" e disse que o governo ainda espera aumentar o salário mínimo e recontratar alguns trabalhadores do setor público.

"Ninguém vai nos pedir para impor à nossa economia e à sociedade medidas que não concordamos", disse Varoufakis.

O euro se recuperou ante o dólar e os mercados acionários globais subiram para níveis recordes de fechamento, enquanto os rendimentos dos títulos do governo grego caíram com o otimismo em relação ao acordo da dívida.

LISTA DE REFORMAS

O acordo exige que a Grécia apresente até segunda-feira uma carta ao Eurogrupo listando todas as medidas de política que pretende tomar durante o período restante do programa de resgate.

Se a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional ficarem satisfeitos, os países membros da zona do euro irão ratificar a prorrogação. Os ministros das Finanças da zona do euro podem assinar o acordo na terça-feira por meio de uma teleconferência. No entanto, se houver dúvidas, eles devem voltar a se reunir em Bruxelas, disseram as autoridades. Com o programa de resgate de 240 bilhões de euros da UE e do FMI em vias de vencer em pouco mais de uma semana, Tsipras tinha solicitado uma extensão de seis meses, mas a Alemanha e seus aliados se opuseram à formulação incial do pedido.

Os parceiros da Grécia insistiram num período mais curto e condicionaram futuros desembolsos a uma avaliação final satisfatória. Eles também obrigaram Atenas a se comprometer a financiar totalmente quaisquer novas medidas de gastos e obter a aprovação de seus credores.

O BCE disse que não haveria necessidade de a Grécia impor controles de capital que restringem saques em dinheiro depois do acordo. Os ministros das Finanças de outros países da zona do euro insistiram em garantias adicionais de que a Grécia irá cumprir as rígidas condições impostas dentro do programa de resgate de disciplina orçamentária e reformas econômicas.

Tsipras teve uma longa conversa por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, na quinta-feira e fez contato frequente com líderes franceses e italianos em busca de uma solução que permitiria ao seu governo radical manter a cabeça erguida. 

*Atualizada às 21h15 do dia 20/02/2015

Acompanhe tudo sobre:Crise gregaEuropaGréciaPiigsZona do Euro

Mais de Economia

Pente-fino: Previdência quer fazer revisão de 800 mil benefícios do INSS até o fim do ano

Reino Unido tem rombo de 22 bilhões de libras em contas públicas

Dívida do governo sobe para 77,8% do PIB, maior nível desde novembro de 2021

Focus: Em semana de Copom, mercado sobe projeções do IPCA para 2024 e 2025

Mais na Exame