Economia

Grécia e credores têm acordo, mas precisam resolver detalhes

Os credores não se pronunciaram até o momento. Na segunda-feira, o governo da Alemanha afirmou que era melhor um acordo "exaustivo" do que um acordo rápido


	Principal negociador da Grécia nas negociações sobre ajuda com credores internacionais, Euclid Tsakalotos: o país estava "muito perto" de um acordo e faltavam solucionar "apenas um ou dois detalhes sobre as medidas preliminares"
 (REUTERS/Charles Platiau)

Principal negociador da Grécia nas negociações sobre ajuda com credores internacionais, Euclid Tsakalotos: o país estava "muito perto" de um acordo e faltavam solucionar "apenas um ou dois detalhes sobre as medidas preliminares" (REUTERS/Charles Platiau)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2015 às 08h30.

A Grécia chegou a um acordo nesta terça-feira com os credores para receber um terceiro plano de assistência financeira de pelo menos 82 bilhões de euros (90 bilhões de dólares), mas ainda é necessário concluir alguns detalhes, anunciaram fontes do governo de Atenas.

Às 6H00 GMT (3H00 de Brasília), uma fonte do governo anunciou à AFP que os negociadores "alcançaram um acordo" para o novo plano de resgate, o terceiro desde 2010.

O ministro das Finanças, Euclides Tsakalotos, afirmou na saída do hotel Hilton, sede das negociações com os credores, que o país estava "muito perto" de um acordo e faltavam solucionar "apenas um ou dois detalhes sobre as medidas preliminares" que devem ser aplicadas por Atenas.

Os detalhes "não afetam o espírito geral do acordo", disse outra fonte do governo grego à AFP.

Os credores não se pronunciaram até o momento. Na segunda-feira, o governo da Alemanha afirmou que era melhor um acordo "exaustivo" do que um acordo rápido.

Há mais de duas semanas, o governo grego negocia as condições do plano de resgate com os credores: a União Europeia, o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e o Mecanismo Europeu de Estabilidade.

Objetivos fiscais comedidos

Segundo o jornal Kathimerini, para fechar o acordo a Grécia teve que aceitar a adoção imediata de 35 reformas.

As medidas vão desde um aumento das taxas por tonelada aplicadas às empresas de transporte marítimo até a redução do preço dos medicamentos genéricos, passando por um reforço da luta contra os delitos financeiros ou ações para desregular o setor energético.

De acordo com o site de notícias in.gr, uma vez concluídos os detalhes pendentes, o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras pretende submeter o acordo ao Parlamento, se possível ainda nesta terça-feira, para uma votação na quinta-feira.

Neste caso, o Eurogrupo (ministros das Finanças da Eurozona) poderia validar o acordo na sexta-feira.

Este seria o calendário ideal para que a Grécia comece a receber dinheiro antes de 20 de agosto, data na qual deve efetuar um pagamento ao BCE de 3,4 bilhões de euros.

Durante a noite foi anunciado um acordo sobre os objetivos fiscais da Grécia até 2018, um dos principais pontos da negociação.

Com o acordo, em 2015 a Grécia poderá ter um déficit primário de até 0,25% do PIB, antes de um excedente primário de 0,5% do PIB em 2016, de 1,75% em 2017, e de 3,5% em 2018, segundo a agência de notícias ANA.

Os negociadores moderaram as exigências nesta questão, levando em consideração a desaceleração econômica do país desde a chegada ao poder, em janeiro, do governo de esquerda radical do partido Syriza, que iniciou negociações intermináveis.

Os objetivos diferem das metas que a Grécia e seus credores trabalhavam até junho, que previam um excedente primário de 1% já em 2015, 2% em 2016, 3% em 2017 e 3,5% em 2018.

A economia do país já está sendo afetada pelo controle de capitais instaurado no fim de junho, com o objetivo de evitar uma grande retirada de dinheiro dos bancos.

Para conquistar a opinião pública a respeito de algumas medidas sociais difíceis, Tsipras deu o exemplo e anunciou que aumentará os impostos sobre os deputados e reduzirá os salários dos ministros.

"Quando a questão do fim das isenções fiscais aos agricultores está sobre a mesa de negociações, não podemos ignorar nossos próprios privilégios", disse o chefe de Governo.

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