Governo reduz contingenciamento de 2017 a R$39 bilhões
O afrouxamento foi possibilitado principalmente pela edição de medidas provisórias que abriram espaço para maior arrecadação extraordinária
Reuters
Publicado em 22 de maio de 2017 às 17h45.
Última atualização em 22 de maio de 2017 às 18h16.
Brasília - O governo federal reduziu a 39 bilhões de reais o contingenciamento deste ano, frente a 42,1 bilhões de reais divulgados antes, para cumprir a meta de déficit primário de 139 bilhões de reais para o governo central em 2017, informaram os ministérios da Fazenda e do Planejamento nesta segunda-feira.
O afrouxamento foi possibilitado principalmente pela edição de medidas provisórias que abriram espaço para maior arrecadação extraordinária.
Só da última semana para cá foram três MPs publicadas pelo governo: a que instituiu um programa para regularização de débitos de empresas junto a autarquias e agências regulatórias, com previsão de arrecadação de 3,4 bilhões de reais no ano; a que definiu regras para reprogramar pagamentos de outorgas de aeroportos (+ 2,5 bilhões de reais) e a que implementou o parcelamento de dívidas previdenciárias de Estados e municípios (+2,2 bilhões de reais).
Além disso, o relatório passou a contar com previsão de bônus de assinatura referente à 3ª rodada de licitação de áreas de produção de petróleo, sob regime de partilha, no valor de 4,3 bilhões de reais.
Na semana passada, fontes já haviam dito à Reuters que o governo publicaria a MP com o "Refis" para dívidas não tributárias para diminuir o tamanho do contingenciamento nos gastos públicos.
Isso porque a tesourada anunciada como necessária para o ano estava travando gastos de custeio, ameaçando o funcionamento da máquina pública.
Em nota, o Planejamento informou que a distribuição dos valores liberados do contingenciamento será definida em decreto a ser publicado em 30 de maio.
O reforço na frente de novas receitas mais do que compensou a queda de 8,4 bilhões de reais calculada para os recursos administrados pela Receita Federal. Tudo posto, a receita primária líquida de transferências prevista para o ano subiu 7,1 bilhões de reais.
Do lado das despesas obrigatórias, houve um aumento de 3,7 bilhões de reais em relação à cifra anteriormente prevista 2017, diante de maiores gastos, por exemplo, com abono e seguro desemprego e com Benefícios de Prestação Continuada, voltados à assistência social.
Pelo relatório, o governo ainda manteve a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano em 0,5 por cento, com a previsão de alta do IPCA em 4,3 por cento.
No entanto, para os agentes econômicos a atividade deverá ser abalada pela grave crise política que atingiu em cheio o presidente Michel Temer, colocando em dúvida o andamento da reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas do país em ordem.
Temer é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, em investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS. Temer teve uma conversa gravada pelo empresário.