Ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2014 às 20h05.
Brasília - Preocupado com o desempenho da indústria de transformação, e da cadeia produtiva de veículos em especial, o governo trabalha para lançar, ainda neste ano, um pacote para estimular o segmento de máquinas e equipamentos e o setor de autopeças.
Segundo informou ao jornal "O Estado de S. Paulo" o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges, os estímulos são prioritários para a presidente Dilma Rousseff, que planeja um programa de longa duração, de 10 anos, de forma a aumentar a produtividade da economia.
"Nosso parque fabril, todo ele, está envelhecido e isso acaba incentivando a compra de máquinas e equipamentos importados, mesmo que eles tenham ficado mais caros com a desvalorização do câmbio. Então apenas o câmbio não basta para incentivar a indústria", afirmou Borges, em entrevista concedida em seu gabinete, em Brasília. "Vamos modernizar a economia, e capacitar setores que já foram de vanguarda, como o de autopeças, e que hoje sofrem muito."
Há seis meses no cargo e próximo da presidente Dilma Rousseff, o ministro do Desenvolvimento, que presidiu a Agência Brasileira para Desenvolvimento Industrial (ABDI) por três anos, criticou estratégias de proteção da indústria brasileira sustentadas no fechamento da economia.
"Pode parecer mais fácil proteger, elevar o imposto de importação e tal, mas isso nunca modernizará o parque industrial. Temos que dar as condições para competir, isso sim", disse.
O programa de renovação do parque industrial, como já revelou o jornal "O Estado de S. Paulo" foi sugerido ao governo pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), em maio.
A presidente Dilma Rousseff gostou da ideia e imediatamente colocou os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Mauro Borges para elaborar um programa de governo.
"Haverá a concessão de crédito presumido na venda de maquinário nacional, e uma linha importante do BNDES", disse Borges.
Restrições
Diante da falta de espaço fiscal a disposição do governo, que sofre da perda de credibilidade na área depois das manobras conduzidas pelo Tesouro Nacional ao longo de 2012 e 2013, o governo trabalha com outro formato.
Segundo Borges, o governo deve até anunciar o pacote neste ano, mas ele efetivamente começará no ano que vem.
"O anúncio é importante, para dar previsibilidade ao setor privado, e para o empresário fazer seu planejamento. O setor de autopeças não vai comprar máquinas novas imediatamente, então também falamos de algo de longo prazo", disse.
Programas como o Moderfrota, que modernizou a frota de maquinario agrícola e dura mais de uma década, são exemplos.
O ministro do Desenvolvimento avalia que programas como esses vão estimular um aumento da produtividade no País, e, consequente, para reduzir a inflação e aumentar o saldo comercial.
Acumulando déficits na balança comercial desde o ano passado, o governo tem convivido com uma situação incômoda depois de uma década, entre 2002 e 2012, de grandes superávits no comércio exterior.
Na visão do ministro, a pauta exportadora brasileira é muito "commoditizada", isto é, excessivamente concentrada em bens primários, as commodities, como minério de ferro e soja.
No início da semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou medidas pontuais de estímulo ao setor automotivo, com a manutenção do IPI reduzido até o fim do ano. Também manteve impostos mais baixos para o setor moveleiro.