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Pré-sal só se inviabiliza com barril a US$ 45, diz Governo

Segundo fontes, enquanto estiver acima de US$ 60, não haverá necessidade de rever projetos e reduzir recursos para áreas menos estratégicas

Funcionários da Petrobras em uma plataforma de petróleo em construção na bacia de Angra dos Reis (Dado Galdieri/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2014 às 20h37.

Rio - Duas cotações do barril do petróleo balizam os investimentos da Petrobras e nortearão o Plano de Negócios 2015-2019 da estatal, aguardado ainda para este ano.

Segundo fontes do alto escalão do governo, enquanto estiver acima de US$ 60, não haverá necessidade de rever projetos e reduzir recursos para áreas menos estratégicas que a exploração e produção de óleo e gás.

Apenas se o preço despencar até US$ 45/barril, hipótese descartada pelo governo, o desenvolvimento do pré-sal seria inviabilizado.

Os valores são o limite para cobrir o custo médio do capital. "Cada dólar a mais (em relação aos US$ 45) é lucro para a empresa, porque supera o custo do capital. A empresa está muito bem protegida", afirmou uma das fontes.

A visão diverge das avaliações do mercado. Na última semana, o valor do barril de petróleo tipo Brent oscilou de US$ 80 a US$ 85, depois de, por quase três anos, ter se mantido na faixa de US$ 100, chamando a atenção de analistas, que divulgaram relatórios traçando cenários difíceis para a Petrobras.

No governo, a análise é que a queda apenas reforça o caixa da Petrobras num primeiro momento.

A estatal comemora a redução dos gastos com importação e o fim da defasagem com os preços internos, que esteve em média 17,3% abaixo dos valores internacionais, segundo relatório do Crédit Suisse.

Além disso, comemora redução no pagamento de impostos, que considera a cotação no mercado externo. No médio prazo, a perspectiva é de retração dos custos de produtos e serviços, que costumam acompanhar o preço do Brent.

"A questão é quanto tempo durará essa fase de redução do preço do petróleo. Em seis meses se sustenta. Em um ano é mais difícil. Em dois ou três anos, mais ainda", afirmou.

Estrutural

Se o governo não aposta neste cenário, analistas de mercado já simulam impactos de uma queda mais acentuada e duradoura, embora sem consenso.

Para o consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as mudanças nas cotações são estruturais, por causa da oferta de gás e petróleo de folhelho nos Estados Unidos.

"A tecnologia está transformando os EUA em exportador. É um impacto danado", explica.

A agência de classificação de risco Moody's estima que a cotação chegará a US$ 70, em função também da conjuntura política no mundo árabe.

"A demanda continua forte, e há excesso de oferta mesmo com o baixo crescimento global", diz a analista Nymia Almeida. "Abaixo disso, alguns projetos ficariam inviáveis", completa.

Países como o Canadá, produtores de um óleo de pior qualidade e custo alto, não conseguiriam produzir com uma cotação a níveis muito baixos. Assim, a oferta cairia, levando a um novo aumento de preços.

Vazio

O momento, segundo a analista, requer corte de custos entre nas empresas. O baixo custo de extração no pré-sal sustenta a rentabilidade mesmo no cenário ruim, embora com retorno mais demorado.

O custo médio é de US$ 14,80 por barril de óleo equivalente. As fontes do governo reiteram a "tranquilidade" de que o pré-sal e os investimentos da Petrobras estão garantidos.

Nesse ponto, o mercado alerta para a metade vazia do copo. Relatório do Citibank calcula que, com o barril a US$ 90, o fluxo de caixa operacional ficaria pressionado e a Petrobras poderia ter dificuldades para alcançar a meta atual de investimentos.

A previsão apenas na área de exploração e produção são da ordem de US$ 35 bilhões anuais até 2020.

O lucro também tende a ser menor. Segundo o Itaú BBA, sem reajustes de combustíveis até o fim de 2015 e com o barril a US$ 80, o lucro líquido da Petrobras seria 17% menor que o projetado inicialmente, em R$ 21,6 bilhões.

O governo rechaça nova capitalização ou emissão de ações - ao menos neste ano.

O tamanho da dívida é beira a marca de quatro vezes a geração de caixa, o que pesa negativamente. Reajustes de preços de combustíveis para gerar mais caixa são considerados improváveis com o petróleo mais barato lá fora.

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Segundo fontes do alto escalão do governo, enquanto estiver acima de US$ 60, não haverá necessidade de rever projetos e reduzir recursos para áreas menos estratégicas que a exploração e produção de óleo e gás.

Apenas se o preço despencar até US$ 45/barril, hipótese descartada pelo governo, o desenvolvimento do pré-sal seria inviabilizado.

Os valores são o limite para cobrir o custo médio do capital. "Cada dólar a mais (em relação aos US$ 45) é lucro para a empresa, porque supera o custo do capital. A empresa está muito bem protegida", afirmou uma das fontes.

A visão diverge das avaliações do mercado. Na última semana, o valor do barril de petróleo tipo Brent oscilou de US$ 80 a US$ 85, depois de, por quase três anos, ter se mantido na faixa de US$ 100, chamando a atenção de analistas, que divulgaram relatórios traçando cenários difíceis para a Petrobras.

No governo, a análise é que a queda apenas reforça o caixa da Petrobras num primeiro momento.

A estatal comemora a redução dos gastos com importação e o fim da defasagem com os preços internos, que esteve em média 17,3% abaixo dos valores internacionais, segundo relatório do Crédit Suisse.

Além disso, comemora redução no pagamento de impostos, que considera a cotação no mercado externo. No médio prazo, a perspectiva é de retração dos custos de produtos e serviços, que costumam acompanhar o preço do Brent.

"A questão é quanto tempo durará essa fase de redução do preço do petróleo. Em seis meses se sustenta. Em um ano é mais difícil. Em dois ou três anos, mais ainda", afirmou.

Estrutural

Se o governo não aposta neste cenário, analistas de mercado já simulam impactos de uma queda mais acentuada e duradoura, embora sem consenso.

Para o consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as mudanças nas cotações são estruturais, por causa da oferta de gás e petróleo de folhelho nos Estados Unidos.

"A tecnologia está transformando os EUA em exportador. É um impacto danado", explica.

A agência de classificação de risco Moody's estima que a cotação chegará a US$ 70, em função também da conjuntura política no mundo árabe.

"A demanda continua forte, e há excesso de oferta mesmo com o baixo crescimento global", diz a analista Nymia Almeida. "Abaixo disso, alguns projetos ficariam inviáveis", completa.

Países como o Canadá, produtores de um óleo de pior qualidade e custo alto, não conseguiriam produzir com uma cotação a níveis muito baixos. Assim, a oferta cairia, levando a um novo aumento de preços.

Vazio

O momento, segundo a analista, requer corte de custos entre nas empresas. O baixo custo de extração no pré-sal sustenta a rentabilidade mesmo no cenário ruim, embora com retorno mais demorado.

O custo médio é de US$ 14,80 por barril de óleo equivalente. As fontes do governo reiteram a "tranquilidade" de que o pré-sal e os investimentos da Petrobras estão garantidos.

Nesse ponto, o mercado alerta para a metade vazia do copo. Relatório do Citibank calcula que, com o barril a US$ 90, o fluxo de caixa operacional ficaria pressionado e a Petrobras poderia ter dificuldades para alcançar a meta atual de investimentos.

A previsão apenas na área de exploração e produção são da ordem de US$ 35 bilhões anuais até 2020.

O lucro também tende a ser menor. Segundo o Itaú BBA, sem reajustes de combustíveis até o fim de 2015 e com o barril a US$ 80, o lucro líquido da Petrobras seria 17% menor que o projetado inicialmente, em R$ 21,6 bilhões.

O governo rechaça nova capitalização ou emissão de ações - ao menos neste ano.

O tamanho da dívida é beira a marca de quatro vezes a geração de caixa, o que pesa negativamente. Reajustes de preços de combustíveis para gerar mais caixa são considerados improváveis com o petróleo mais barato lá fora.

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