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Governo planeja novas medidas para conter importações

A presidente Dilma Rousseff enfrenta grande pressão de manufatureiros, importante eleitorado, para desacelerar uma enxurrada de produtos importados

Alguns líderes empresariais brasileiros pressionam Dilma por ações como essa há meses (Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2011 às 21h17.

São Paulo - O governo planeja novas medidas para proteger a indústria local da queda do dólar, incluindo a investigação sobre produtos chineses que entram indevidamente no país por outras nações, afirmou à Reuters na sexta-feira o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

Pimentel disse que a investigação da chamada "triangulação" de bens será a primeira do tipo no país. O primeiro caso envolverá cobertores vindos da China que chegaram ao Brasil via Paraguai e Uruguai, com mais investigações sendo esperadas para os próximos meses, afirmou.

As medidas ocorrem conforme a presidente Dilma Rousseff enfrenta grande pressão de manufatureiros, importante eleitorado, para desacelerar uma enxurrada de produtos importados.

O dólar está relativamente próximo das mínimas da década, graças à força da economia brasileira e à avalanche de capitais oriunda do mundo desenvolvido.

"Não podemos ficar parados assistindo a nossa indústria ser devastada pela taxa de câmbio, que não vai mudar no curto prazo", afirmou Pimentel.

O ministro também se reunirá com uma nova equipe de autoridades da Receita Federal e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para monitorar as importações, um passo que, segundo ele, vai substancialmente melhorar a capacidade do governo de compartilhar informações e identificar "dumping" e outras práticas comerciais injustas.

Alguns líderes empresariais brasileiros têm pedido por ações como essa há meses.


As medidas, somadas a outras recentes ações incluindo novas barreiras para reduzir a importações de automóveis, ameaçam provocar uma nova onda de protecionismo na América do Sul, possibilidade totalmente descartada por Pimentel.

"Isso não é protecionismo. São os instrumentos de que dispomos", disse o ministro, acrescentando que as medidas são autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Pimentel afirmou que as medidas para o setor automotivo, particularmente, não visam um país específico --incluindo a Argentina, que protestou fortemente contra a iniciativa.

"Há gente que acha que (a medida de autos) tem a ver com a Argentina. Não é assim. É parte de uma grande estratégia para proteger a nossa indústria, não é uma guerra comercial com ninguém", disse.

Ele considerou o setor automotivo "estratégico" para o Brasil e disse que o recente salto nas importações de veículos é um símbolo das dificuldades enfrentadas pela indústria local.

O real já acumula ganho de pouco mais de 42 cento desde 2009, sendo considerado pelo Goldman Sachs a moeda mais sobrevalorizada do mundo dentre as principais.

A economia brasileira também está lidando com outros sinais de possível superaquecimento, incluindo o salto da inflação, cuja leitura em 12 meses pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou em abril 6,51 por cento, acima do teto da meta, que tem centro em 4,5 por cento e tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No início desta sexta-feira, a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, enviou uma carta a Pimentel pedindo que ele reconsiderasse a decisão de atrasar a concessão de licenças para veículos importados, algo que, na prática, reduz o comércio.

A iniciativa da ministra alimentou tensões entre as duas maiores economias sul-americanas. Pimentel citou que cerca de apenas metade das importações brasileiras de automóveis vem da Argentina e que a medida atingirá importações de outros países, como Estados Unidos e Japão.

"Estamos querendo conversar"

Pimentel respondeu a carta da ministra argentina, convidando-a para ir a Brasília a fim de conversarem sobre as importações de automóveis e outras questões de comércio bilateral. "Estamos querendo conversar", disse ele, sem dar mais detalhes.


A disputa comercial impõe uma dor de cabeça nada esperada à presidente argentina, Cristina Kirchner, que deve tentar a reeleição em outubro.

Uma briga prolongada envolvendo a indústria automotiva argentina, que exportou cerca de 7 bilhões de dólares em veículos e peças ao Brasil no ano passado, poderia ser suficiente para prejudicar a economia, que já sofre com uma inflação de dois dígitos.

Ao todo, a conta de comércio entre Argentina e Brasil somou em 2010 cerca de 32 bilhões de dólares, sendo superavitária em 4 bilhões de dólares para Brasília.

Cerca de dois mil veículos produzidos na Argentina pela Toyota, General Motors e Mercedes Benz estão parados na fronteira com o Brasil esperando para adentrar em território nacional, de acordo com a mídia argentina. As unidades no país vizinho da Fiat, Renault e Ford também embarcam automóveis ao Brasil.

"O atual problema vai se complicar para nós no início da próxima semana, caso não haja uma solução rápida", afirmou à Reuters nesta sexta-feira uma fonte da indústria automobilística argentina.

A postura de maior confrontação no comércio representa uma mudança para o Brasil sob o governo de Dilma. O antecessor da presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, preferia geralmente minimizar tais disputas com China, Argentina e outros países, em nome da unidade entre nações em desenvolvimento.

"A mensagem é: este é um novo governo e não há mais a paciência estratégica que houve durante o governo Lula", afirmou Mario Marconini, consultor de comércio em São Paulo.

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Pimentel disse que a investigação da chamada "triangulação" de bens será a primeira do tipo no país. O primeiro caso envolverá cobertores vindos da China que chegaram ao Brasil via Paraguai e Uruguai, com mais investigações sendo esperadas para os próximos meses, afirmou.

As medidas ocorrem conforme a presidente Dilma Rousseff enfrenta grande pressão de manufatureiros, importante eleitorado, para desacelerar uma enxurrada de produtos importados.

O dólar está relativamente próximo das mínimas da década, graças à força da economia brasileira e à avalanche de capitais oriunda do mundo desenvolvido.

"Não podemos ficar parados assistindo a nossa indústria ser devastada pela taxa de câmbio, que não vai mudar no curto prazo", afirmou Pimentel.

O ministro também se reunirá com uma nova equipe de autoridades da Receita Federal e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para monitorar as importações, um passo que, segundo ele, vai substancialmente melhorar a capacidade do governo de compartilhar informações e identificar "dumping" e outras práticas comerciais injustas.

Alguns líderes empresariais brasileiros têm pedido por ações como essa há meses.


As medidas, somadas a outras recentes ações incluindo novas barreiras para reduzir a importações de automóveis, ameaçam provocar uma nova onda de protecionismo na América do Sul, possibilidade totalmente descartada por Pimentel.

"Isso não é protecionismo. São os instrumentos de que dispomos", disse o ministro, acrescentando que as medidas são autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Pimentel afirmou que as medidas para o setor automotivo, particularmente, não visam um país específico --incluindo a Argentina, que protestou fortemente contra a iniciativa.

"Há gente que acha que (a medida de autos) tem a ver com a Argentina. Não é assim. É parte de uma grande estratégia para proteger a nossa indústria, não é uma guerra comercial com ninguém", disse.

Ele considerou o setor automotivo "estratégico" para o Brasil e disse que o recente salto nas importações de veículos é um símbolo das dificuldades enfrentadas pela indústria local.

O real já acumula ganho de pouco mais de 42 cento desde 2009, sendo considerado pelo Goldman Sachs a moeda mais sobrevalorizada do mundo dentre as principais.

A economia brasileira também está lidando com outros sinais de possível superaquecimento, incluindo o salto da inflação, cuja leitura em 12 meses pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou em abril 6,51 por cento, acima do teto da meta, que tem centro em 4,5 por cento e tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No início desta sexta-feira, a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, enviou uma carta a Pimentel pedindo que ele reconsiderasse a decisão de atrasar a concessão de licenças para veículos importados, algo que, na prática, reduz o comércio.

A iniciativa da ministra alimentou tensões entre as duas maiores economias sul-americanas. Pimentel citou que cerca de apenas metade das importações brasileiras de automóveis vem da Argentina e que a medida atingirá importações de outros países, como Estados Unidos e Japão.

"Estamos querendo conversar"

Pimentel respondeu a carta da ministra argentina, convidando-a para ir a Brasília a fim de conversarem sobre as importações de automóveis e outras questões de comércio bilateral. "Estamos querendo conversar", disse ele, sem dar mais detalhes.


A disputa comercial impõe uma dor de cabeça nada esperada à presidente argentina, Cristina Kirchner, que deve tentar a reeleição em outubro.

Uma briga prolongada envolvendo a indústria automotiva argentina, que exportou cerca de 7 bilhões de dólares em veículos e peças ao Brasil no ano passado, poderia ser suficiente para prejudicar a economia, que já sofre com uma inflação de dois dígitos.

Ao todo, a conta de comércio entre Argentina e Brasil somou em 2010 cerca de 32 bilhões de dólares, sendo superavitária em 4 bilhões de dólares para Brasília.

Cerca de dois mil veículos produzidos na Argentina pela Toyota, General Motors e Mercedes Benz estão parados na fronteira com o Brasil esperando para adentrar em território nacional, de acordo com a mídia argentina. As unidades no país vizinho da Fiat, Renault e Ford também embarcam automóveis ao Brasil.

"O atual problema vai se complicar para nós no início da próxima semana, caso não haja uma solução rápida", afirmou à Reuters nesta sexta-feira uma fonte da indústria automobilística argentina.

A postura de maior confrontação no comércio representa uma mudança para o Brasil sob o governo de Dilma. O antecessor da presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, preferia geralmente minimizar tais disputas com China, Argentina e outros países, em nome da unidade entre nações em desenvolvimento.

"A mensagem é: este é um novo governo e não há mais a paciência estratégica que houve durante o governo Lula", afirmou Mario Marconini, consultor de comércio em São Paulo.

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