Governo central tem 1º superávit para novembro desde 2013
A projeção de analistas era de rombo de 14,6 bilhões de reais no mês, segundo pesquisa
Reuters
Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 14h54.
Última atualização em 26 de dezembro de 2017 às 15h18.
Brasília - Com um reforço de R$ 12 bilhões no mês passado com os pagamentos referentes ao leilão de hidrelétricas, o caixa do governo central registrou um superávit primário de R$ 1,348 bilhão em novembro, o melhor desempenho para o mês desde 2013.
Aquela foi a última vez em que o resultado do penúltimo mês do ano foi positivo (R$ 28,969 bilhões). O resultado, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, sucede ao superávit de R$ 5,191 bilhões de outubro.
O resultado de novembro ficou acima das expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 14,300 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast junto a 13 instituições financeiras.
O dado do mês passado ficou ainda fora do intervalo das estimativas, que foram de déficit entre R$ 21,300 bilhões e R$ 3,800 bilhões.
Entre janeiro e novembro deste ano, entretanto, o resultado primário ainda é de déficit de R$ 101,919 bilhões, o pior desempenho para o período na série histórica, iniciada em 1997. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era negativo em R$ 98,829 bilhões.
Em 12 meses, o governo central apresenta um déficit de R$ 167 bilhões - equivalente a 2,52% do PIB. Para este ano, a meta fiscal admite um déficit de até R$ 159 bilhões nas contas do governo central.
As contas do Tesouro Nacional - incluindo o Banco Central - registraram um superávit primário de R$ 18,893 bilhões em novembro.
No ano, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional (com BC) é de R$ 70,847 bilhões. As contas apenas do Banco Central tiveram déficit de R$ 106 milhões em novembro e de R$ 721 milhões no acumulado do ano até o mês passado.
No mês passado, o resultado do INSS foi um déficit de R$ 17,546 bilhões. Já no acumulado do ano, o resultado foi negativo de R$ 172,766 bilhões.
Receitas e despesas
O resultado de novembro representa alta real de 21,1% nas receitas em relação a igual mês do ano passado. Já as despesas tiveram queda real de 9,3%.
No ano até novembro, as receitas do governo central subiram 0,4% ante igual período de 2016, enquanto as despesas ficaram estáveis, descontada a inflação.
O caixa do governo federal recebeu R$ 12,424 bilhões em pagamentos de outorgas de concessões em novembro. No mesmo mês de 2016, essas receitas totalizaram R$ 277,3 milhões.
Nos onze primeiros meses de 2017, essa receita somou R$ 17,608 bilhões, queda real de 23,0% ante igual período do ano passado.
Em novembro, foram pagos R$ 12 bilhões referentes ao leilão de usinas hidrelétricas. Para dezembro, são esperados mais R$ 10 bilhões de concessões de petróleo e R$ 3 bilhões de outorgas de aeroportos.
Já os dividendos pagos pelas empresas estatais somaram R$ 346,3 milhões em novembro, cifra 83,7% maior do que em igual mês do ano passado, já descontada a inflação.
Já no acumulado do ano, as receitas com dividendos somaram R$ 5,178 bilhões, alta real de 184,3% em relação a igual período de 2016.
As despesas sujeitas ao teto de gastos aprovado pela Emenda Constitucional 95 subiram 5,5% de janeiro a novembro deste ano em relação a igual período de 2016, segundo o Tesouro Nacional. Para o ano, o limite de crescimento das despesas do governo é de 7,2%.
Apesar do enquadramento prévio das despesas do governo federal ao teto, alguns poderes e órgãos estão fora dos limites individualizados - todos devem respeitar o limite de gastos. O mais desenquadrado é a Defensoria Pública da União (DPU), com alta de 17,0%.
O descumprimento também é observado nos casos do Tribunal de Contas da União (TCU), com alta de 7,4%, do Supremo Tribunal Federal (STF), com alta de 7,9%, da Justiça do Trabalho (12,8%) e do Ministério Público da União (MPU), com avanço de 8,2%.
Dezembro
As receitas com concessões devem continuar reforçando o caixa do governo federal no resultado de dezembro. O Tesouro Nacional projeta o ingresso de R$ 13,8 bilhões com essas receitas.
Além disso, haverá o recebimento de R$ 1,0 bilhão do Refis (programa de parcelamento de débitos tributários) e mais R$ 2,9 bilhões pela devolução de precatórios não resgatados pelos beneficiários.
Com isso, as receitas extraordinárias devem gerar R$ 17,7 bilhões adicionais no último mês do ano, um reforço importante para garantir o cumprimento da meta fiscal, que permite déficit de até R$ 159 bilhões.
Do lado das despesas, o Tesouro prevê o pagamento de R$ 1,6 bilhão em sentenças judiciais e precatórios no último mês do ano, um resíduo já que neste ano o governo antecipou esses desembolsos para o primeiro semestre do ano.
Investimentos
Os investimentos do governo federal caíram a R$ 31,595 bilhões nos primeiros onze meses de 2017.
Desse total, R$ 16,332 bilhões são restos a pagar, ou seja, despesas de anos anteriores que foram transferidas para 2017.
De janeiro a novembro do ano passado, os investimentos totais haviam somado R$ 47,042 bilhões.
Os investimentos no Programa de Aceleração Econômica (PAC) somaram R$ 2,032 bilhões em novembro, queda real de 33,6% ante igual mês do ano passado.
Já no acumulado do ano, as despesas com o PAC somaram R$ 19,800 bilhões, recuo de 40,3% ante igual período de 2016, já descontada a inflação.