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Gargalos no frete marítimo se agravam e custos globais sobem

Fábricas que já enfrentavam escassez de componentes essenciais e energia e matérias-primas mais caras agora são obrigadas a pagar mais para conseguir espaço nos navios

(Getty Images/Getty Images)
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Bloomberg

Publicado em 28 de agosto de 2021 às 08h30.

Por Cindy Wang e Enda Curran, da Bloomberg

O estrangulamento nas cadeias de suprimentos que deveria ser temporário agora parece fadado a durar até o ano que vem, com o avanço da variante delta do coronavírus atrapalhando a produção nas fábricas na Ásia, interrompendo o transporte marítimo e causando mais choques na economia mundial.

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Fábricas que já enfrentavam escassez de componentes essenciais e energia e matérias-primas mais caras agora são obrigadas a pagar mais para conseguir espaço nos navios . Os fretes estão batendo recordes e alguns exportadores estão elevando preços ou simplesmente cancelando embarques de mercadorias.

“Não conseguimos componentes suficientes, não conseguimos contêineres e os custos aumentaram tremendamente”, lamentou Christopher Tse, CEO da Musical Electronics, empresa com sede em Hong Kong que faz uma variedade de produtos de consumo, como alto-falantes Bluetooth e o Cubo Mágico.

Tse disse que os ímãs usados no Cubo Mágico ficaram 50% mais caros desde março, elevando o custo de produção do brinquedo em cerca de 7%.

O empenho da China para eliminar a Covid significa que um pequeno número de casos pode causar grandes interrupções no comércio internacional. Este mês, o governo paralisou por duas semanas o porto de Ningbo — que ocupa o terceiro lugar no ranking global de movimentação de contêineres — após constatar que um único trabalhador do local foi infectado com a variante delta. Este ano, portos de Shenzhen foram fechados após a descoberta de alguns casos de coronavírus.

“O congestionamento dos portos e a falta de capacidade para transporte de contêineres podem perdurar até o quarto trimestre ou meados de 2022”, afirmou Hsieh Huey-chuan, presidente da Evergreen Marine de Taiwan, a sétima maior empresa do mundo no transporte marítimo de contêineres, em boletim a investidores distribuído em 20 de agosto. “Se não for possível efetivamente conter a pandemia, o congestionamento portuário pode se tornar o novo normal.”

 

 

O custo para enviar um contêiner da Ásia para a Europa está cerca de 10 vezes maior do que em maio de 2020, enquanto o custo de Xangai para Los Angeles subiu mais de seis vezes, segundo o Drewry World Container Index. A cadeia global de suprimentos ficou tão frágil que um único acidente de pequenas proporções “poderia facilmente ter seus efeitos agravados”, afirmou o HSBC Holdings em relatório.

Fretes e semicondutores mais caros podem alimentar a inflação, alertou Chua Hak Bin, economista sênior da firma de pesquisas Maybank Kim Eng Research em Singapura. A Giant Manufacturing de Taiwan, a maior fabricante mundial de bicicletas, está entre as companhias que pretendem aumentar preços para refletir a alta dos custos.

Eric Chan, CEO de uma fabricante de máquinas de café em Hong Kong, não espera alívio nos próximos meses. Diante da crescente demanda por eletrodomésticos, ele conta que tem feito malabarismos para manter uma linha de produção que envolve centenas de componentes.

“Estamos estocando componentes críticos para um ano de uso porque, se perdermos um componente, não podemos fabricar os produtos”, disse Chan, que comanda a Town Ray Holdings.

A disseminação da variante delta, principalmente no Sudeste Asiático, chega a impedir o funcionamento de muitas fábricas.

No Vietnã, o segundo maior produtor mundial de roupas e calçados, o governo determinou que as fábricas permitam que os funcionários durmam no local de trabalho para dar continuidade às exportações.

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