Economia

G20 luta para mostrar que Europa pode salvar euro

Cresceram os riscos de que a Espanha, a quarta maior economia da zona euro, precisará de um resgate internacional total

Diplomatas disseram que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expôs cuidadosamente para outros líderes a natureza interligada da economia global (©AFP/Getty Images / Alex Wong)

Diplomatas disseram que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expôs cuidadosamente para outros líderes a natureza interligada da economia global (©AFP/Getty Images / Alex Wong)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 15h33.

Los Cabos - Líderes mundiais tentaram nesta terça-feira convencer os mercados financeiros de que a Europa pode se mover rápido o suficiente em direção a uma grande reformulação de seus sistemas bancários, o que poderia ajudar a resolver a crise da dívida e restaurar a confiança em uma recuperação global vacilante.

Na cúpula das 20 principais economias do mundo, o G20, a Europa sinalizou que estava considerando a integração do setor bancário da zona do euro, uma grande reforma pretendida pelos Estados Unidos e por outras nações para quebrar o ciclo de países altamente endividados resgatando bancos em dificuldade, o que aprofunda ainda mais as dívidas dos governos.

Mas a notícia de que o G20 estava preparando uma declaração firme para uma retomada do crescimento global e do emprego, juntamente com a promessa da Europa de ação, trouxe pouco alívio para os investidores.

Cresceram os riscos de que a Espanha, a quarta maior economia da zona euro, precisará de um resgate internacional total, na medida em que os custos de empréstimos de títulos de curto prazo saltaram cerca de dois pontos percentuais e os rendimentos da dívida de longo prazo ficaram acima de 7 por cento, aumentando o perigo de o país ser bloqueado dos mercados de crédito.

O presidente francês, François Hollande, disse que ele e a chanceler alemã, Angela Merkel, os atores centrais para a resolução da crise que se estende por mais de dois anos, estavam cientes de que a zona do euro é responsável por fornecer as soluções.

"Merkel e eu sabemos que a Europa tem que apresentar a sua própria resposta", disse ele à margem do G20. "A resposta não deve ser dada a nós do exterior." "O FMI (Fundo Monetário Internacional) não está lá para escorar a zona do euro, mesmo que tenha feito isso em alguns países, como vimos na Grécia", acrescentou.


Os perigos de que a escalada da crise da dívida da Europa possa levar a economia mundial para a recessão pela segunda vez em menos de quatro anos dominaram as sessões de segunda-feira entre os líderes do G20, que representam mais de 80 por cento da produção mundial.

Sob a pressão dos mercados financeiros e de líderes mundiais ansiosos, a Europa concordou na segunda-feira em avançar na direção a um sistema bancário mais integrado.

Entre os compromissos do G20 vistos num esboço de um comunicado obtido pela Reuters estava a promessa de considerar medidas concretas no sentido de uma "arquitetura financeira mais integrada" na Europa, que inclui supervisão bancária comum e garantias para os depositantes bancários.

Uma autoridade do G20 disse que não houve orientação dos líderes europeus ou das autoridades sobre qualquer prazo para tal plano.

Diplomatas disseram que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expôs cuidadosamente para outros líderes a natureza interligada da economia global, com cada região fortemente dependente da demanda da União Europeia (UE), o maior bloco econômico do mundo, por suas exportações.

O esboço do comunicado mostrou que os líderes do G20 estavam prestes a garantir que "agiriam em conjunto para fortalecer a recuperação e tratar as tensões nos mercados financeiros." O esboço mostrou também que os membros da zona do euro irão tomar "todas as medidas de política necessárias para proteget a integridade e a estabilidade da região, melhorar o funcionamento dos mercados financeiros e quebrar o círculo vicioso entre soberanos e bancos."

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