Economia

Focados nos estudos, jovens param de trabalhar nos EUA

A desocupação na faixa entre 16 e 19 anos no país é três vezes maior que a taxa que abarca todos os trabalhadores


	Feira de empregos nos EUA: apenas um em cada três jovens nos EUA trabalhou ou procurou emprego em janeiro, a menor proporção desde o início da série histórica 
 (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)

Feira de empregos nos EUA: apenas um em cada três jovens nos EUA trabalhou ou procurou emprego em janeiro, a menor proporção desde o início da série histórica  (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2014 às 14h57.

Washington - Akil Alvin, 19, de Detroit, está tendo dificuldades para conseguir emprego porque concorre com candidatos mais velhos e capacitados. Alex Lothspeich, 17, de Charlotte, Carolina do Norte, escolheu não entrar no mercado de trabalho e focar no Ensino Médio.

Ambos ilustram as mudanças que se estendem por todo o mercado de trabalho jovem. Jovens americanos como Alvin, que querem trabalhar, não conseguem encontrar empregos em um momento em que a desocupação na faixa entre 16 e 19 anos é três vezes maior que a taxa que abarca todos os trabalhadores.

Ao mesmo tempo, mais jovens estão tomando o mesmo rumo que Lothspeich, deixando trabalhos remunerados para trás para se concentrarem em entrar na universidade.

Apenas um em cada três jovens nos EUA trabalhou ou procurou emprego em janeiro, a menor proporção desde o início da série histórica do Departamento do Trabalho, em 1948. A falta de experiência pode prejudicar o futuro dos trabalhadores ao deixá-los para trás em habilidades básicas que seus pais desenvolveram servindo mesas ou cuidando de estoques, dizem alguns economistas.

“A experiência complementa as habilidades e a combinação de ambas é mais valiosa que uma delas sozinha”, disse Anthony Carnevale, diretor do Centro de Educação e Mercado de Trabalho da Universidade de Georgetown. “Está mais difícil de começar, de iniciar a escalada na economia americana do que antes”.

A participação dos jovens no mercado de trabalho caiu durante os 18 meses da recessão que terminou em junho de 2009 e continuou nessa tendência, acelerando uma queda de duas décadas.

O declínio começou nos anos 1990, quando aumentaram as taxas de matrículas nas universidades. Em janeiro, 33,3 por cento daqueles com idade entre 16 e 19 anos estavam no mercado de trabalho, contra 59,3 por cento em 1978, a maior fatia na história.


Atividade jovem

“Eles estão atravessando a ponte da escola para o mercado de trabalho mais tarde em suas vidas”, disse John Challenger, CEO da Challenger, Gray Christmas Inc.

“Agora eles estão fazendo mais lição de casa do que costumavam fazer, ingressam em equipes esportivas e realizam mais trabalho voluntário”, disse ele, em entrevista sobre a análise da empresa de consultoria de emprego com sede em Chicago em relação ao mercado de trabalho jovem, divulgada ontem.

Para outros, o fato de não estarem trabalhando deve-se à economia. A taxa de desemprego entre jovens, o indicador daqueles que buscam trabalho e não conseguem encontrar, foi de 20,7 por cento em janeiro. Embora ela esteja abaixo do pico de 27,3 por cento registrado em outubro de 2010, está acima da baixa de 14,8 por cento de 2007, antes do início da recessão.

Os líderes empresariais dizem que os candidatos pecam nas habilidades interpessoais: em uma pesquisa com 500 executivos seniores nos EUA, 44 por cento disseram que “habilidades sociais”, como comunicação e colaboração, são o maior déficit entre os jovens.

Os novos contratados que não trabalharam durante o Ensino Médio podem não ter habilidades sociais como resultado disso, disse Christa Shapiro, vice-presidente regional em San Diego das operações americanas da empresa de recursos humanos Adecco SA, que publicou os resultados da pesquisa em setembro.

“O teu primeiro emprego te ensina a chegar pontualmente, pronto para trabalhar, e não entrar correndo pela porta ou chegar ao estacionamento da empresa às 8 horas”, disse ela. “A outra habilidade social, que é igual para quem trabalha com fabricação ou TI, é saber que você tem que ir trabalhar todos os dias. Você aprende isso quando você tem um emprego durante o Ensino Médio”.

Alvin, o jovem de 19 anos de idade de Detroit, está entre aqueles que querem trabalhar e não conseguem. Ele se formou em Artes no Ensino Médio em 2013 e embora tenha conseguido alguma ajuda financeira para ingressar na Columbia College Chicago, uma faculdade privada de artes e comunicação, o valor não foi suficiente. Como os pais estavam sem emprego, “não havia dinheiro”, disse ele. Trabalhar o ajudaria a pagar as mensalidades, disse.

“Não há muitos empregos disponíveis”, disse Alvin. “A economia está em baixa e muitos dos trabalhadores mais velhos estão pegando os empregos que costumavam estar disponíveis para os jovens”.

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