Sede do FMI, em Washington (EUA) (OLIVIER DOULIERY/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 18 de abril de 2024 às 07h51.
Última atualização em 18 de abril de 2024 às 07h53.
Depois da mudança das metas pela equipe econômica no início da semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para pior suas projeções fiscais para o Brasil em 2024 e nos próximos anos.
Com base no novo cenário, o País deve seguir com as contas públicas no vermelho até o fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a dívida pública deve crescer para patamares que só perdem para nações como o Egito e a Ucrânia.
O FMI estima que o Brasil terá déficit primário de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, e de 0,3% em 2025. Pelos seus cálculos, o País atingiria o zero a zero apenas em 2026, último ano da gestão de Lula. A partir de 2027, o Brasil voltaria para o azul, com superávit de 0,4% do PIB, seguido por melhorias ano a ano até 2029.
As novas projeções constam do relatório Monitor Fiscal, publicado nesta quarta-feira, 17, em paralelo às reuniões de Primavera do FMI, que acontecem nesta semana em Washington, nos Estados Unidos. As estimativas representam ainda uma piora frente ao cenário traçado pelo Fundo na última versão do documento, de outubro, que apontava déficit primário de 0,2% do PIB em 2024 e superávit de 0,2% no próximo ano.
A piora nas projeções ocorre dias depois do anúncio de metas fiscais menos ambiciosas pela equipe econômica do governo Lula. O alvo de 2025 foi reduzido de superávit de 0,5% do PIB para zero. Para 2024, o governo manteve a meta zero, enquanto a de 2026 caiu de 1% para 0,25%.
“O ajuste foi feito para, à luz do aprendizado de mais de um ano nós estabelecermos uma trajetória que está completamente em linha com o que se espera no médio prazo, de estabilidade da dívida”, disse ontem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre os ajustes das metas pelo governo.
Na prática, o FMI não vê o novo arcabouço fiscal estabilizando a dívida brasileira, que deve seguir em alta nos próximos anos. O Fundo projeta que a dívida pública bruta do País alcance 86,7% do PIB neste ano, ante 84,7% em 2023. E continue em expansão até atingir o patamar de 90,9% do PIB em 2026, último ano do governo Lula.
Contudo, as novas projeções do FMI para a dívida são melhores do que as do Monitor Fiscal, de outubro. Na ocasião, o Fundo previu que a proporção da dívida versus o PIB do Brasil chegaria a 90 3% já neste ano, ante 88,1% em 2023.
Ao continuar aumentando seu endividamento, o Brasil permanecerá numa situação pior do que seus pares emergentes, cuja média estimada é de 70,3% do PIB neste ano. Considerando os cálculos do FMI para 2024, a dívida brasileira em relação ao PIB só perde para países como Egito e Ucrânia. Até mesmo a Argentina estaria em uma posição um pouco melhor, com uma dívida de 86,2% do PIB neste ano, projeta o Fundo.
A dívida bruta como proporção do PIB é um dos principais indicadores de solvência de um país e avaliado de perto pelas agências de classificação de risco. O FMI, porém, calcula esse indicador de forma diferente, considerando os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central, que não são levados em conta pelo governo brasileiro.