Moeda de Euro na frente da bandeira da Espanha: nas previsões apresentadas hoje, o FMI prevê que a taxa de desemprego anual chegue a 24,9% neste ano (Philippe Huguen/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2012 às 16h28.
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou nesta sexta-feira que espera uma recessão mais profunda na Espanha em 2012 e 2013, com contrações da economia de 1,7% e 1,2%, respectivamente, devido às últimas medidas de ajuste anunciadas pelo governo.
"As novas medidas de consolidação fiscal terão um impacto significativo no crescimento, especialmente em 2013", indicou o FMI no relatório final do Artigo IV sobre a economia espanhola, cujas previsões para o próximo ano são muito mais pessimistas que a contração de 0,5% que o governo espanhol espera.
O Fundo, que inclui em seus cálculos pela primeira vez as medidas de ajuste de 65 bilhões de euros aprovadas pelo Executivo neste mês, piorou sua previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano em dois décimos e a duplicou para 2013.
O relatório indica que a economia espanhola voltará ao crescimento em 2014, com uma expansão do 0,9%, e continuará nessa tendência até 2017, horizonte máximo das previsões do FMI, quando se espera um aumento de 1,7%.
O FMI reconhece que, após os ajustes do déficit esperados para 2012 e 2013, a economia espanhola estará mais em linha com os objetivos pactuados com a Europa, mas poderiam ser necessárias mais medidas no futuro, como uma nova alta do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) "para 2014 e além", advertiu.
Já na apresentação das conclusões prévias deste mesmo relatório no mês passado, o FMI pediu uma alta imediata do IVA, a redução de salários públicos e rebaixamento de algumas prestações sociais, recomendações que coincidiram com as medidas adotadas posteriormente pelo governo espanhol.
Segundo os novos dados do FMI, o déficit passará dos 8,9% do ano passado para 6,3% em 2012 (como prevê o governo), e em 2013 será de 4,7%, dois décimos acima do esperado pelas autoridades espanholas.
Apesar disso, o Fundo não acredita que a Espanha consiga sair da casa de 3% de déficit até 2016, apesar aos compromissos adotados com Bruxelas para situá-lo em 2,8% em 2014.
O relatório assinala que, após os ajustes o desemprego aumentará, da mesma forma que a inflação, e será reduzida a demanda interna, mas será possível deter o aumento da dívida em 2015, quando ela chegar a 97% do PIB.
O chefe da missão do FMI na Espanha, James Daniel, disse hoje que o país adotou "políticas muito positivas", mas é fundamental que a aplicação das reformas seja realizada "agora", ao mesmo tempo que a União Europeia desempenhe "um papel pró-ativo".
Daniel indicou que as comunidades autônomas espanholas devem completar suas obrigações de redução de déficit "para mostrar aos mercados que toda a Espanha está comprometida" com as reformas.
O representante do FMI declarou que o desemprego é "inaceitavelmente alto, especialmente entre os jovens", mas disse confiar que a reforma laboral aprovada pelo governo do presidente Mariano Rajoy dê os resultados esperados, algo que, de todo modo, "levará tempo".
Nas previsões apresentadas hoje, o FMI prevê que a taxa de desemprego anual chegue a 24,9% neste ano e não caia até um índice menores de 23% até 2016.
As reformas deveriam permitir "uma melhora gradual das condições de financiamento e uma melhora do mercado de trabalho (ajudado pela reforma laboral), do emprego, o consumo privado e o investimento em capital fixo", segundo o relatório.
"As perspectivas são difíceis", reconhece o Fundo, que assegura que "a grande consolidação fiscal é inevitável", enquanto a pressão do prêmio de risco dificulta o acesso da Espanha aos mercados.
"A tensão nos mercados poderia se intensificar ainda mais, ameaçar o acesso aos mercados, particularmente se as políticas (de reforma) não conseguirem impedir as saídas de capital, e se houver piora na situação em outras partes da zona do euro", indica o Fundo.
Neste sentido, o FMI reconhece a importância da recapitalização e da reestruturação de entidades financeiras frágeis e da avaliação das condições do setor financeiro banco por banco.
"Se forem implementadas em sua totalidade, em combinação com a assistência financeira europeia, essas políticas completariam substancialmente as necessidades de reestruturação do setor", assegura o FMI.