FMI: "O Fundo Monetário Internacional está alerta, mas não alarmado", disse Agustín Carstens, diretor do Comitê Financeiro do FMI (Yuri Gripas / Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2016 às 23h08.
Ministros da Economia do mundo todo pediram neste sábado um compromisso para impulsionar o desenvolvimento, durante a reunião de primavera (boreal) do FMI e do Banco Mundial.
Líderes das finanças mundiais insistiram com a mensagem de que cada país deve assumir suas responsabilidades para o crescimento, e buscaram manter um olhar "positivo" sobre as perspectivas.
No entanto, com o aumento do número de países em desenvolvimento que buscam o apoio das duas instituições para administrar a queda dos preços das matérias-primas, não houve uma resposta clara aos pedidos para organizar um plano internacional para enfrentar o fenômeno.
"O Fundo Monetário Internacional está alerta, mas não alarmado", disse Agustín Carstens, diretor do Comitê Financeiro do FMI, durante uma das dezenas de reuniões em Washington.
Os países integrantes do fundo concordaram sobre a necessidade de adotar rapidamente ações "de apoio mútuo" para impulsionar o crescimento global, acrescentou Carstens.
O FMI começou a semana anunciando uma revisão em baixa nas expectativas globais de crescimento para este ano, a 3,2%.
A entidade alertou que os fluxos de refugiados, mais a volatilidade nos mercados financeiros, o aumento nas quebras de empresas e a eventual saída da Grã Bretanha da União Europeia, constituem as mais sérias ameaças à economia global.
Após dezenas de reuniões com países-membros, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, parecia mais otimista ao fim dos trabalhos.
Para Lagarde, a semana foi "um pouco uma terapia de grupo, para sair da situação negativa enfrentada e dos desafios no horizonte, para uma abordagem positiva para identificar soluções".
Para Lagarde, "não se pode fazer qualquer progresso a menos que se tenha uma atitude positiva".
O compromisso de cada país com a estratégia de "tripé" do FMI para impulsionar o crescimento continua sendo vago, e constitui outro sinal de preocupação.
O Fundo formulou um pedido aos países para que implementem o "tripé" que inclui política monetária, gasto fiscal e reformas estruturais como forma estimular a atividade econômica.
Como vários bancos centrais já reduziram os juros, não faltam críticos para apontar um eventual impacto adicional das políticas monetárias será limitado.
Ao mesmo tempo, muitos países não têm os recursos financeiros disponíveis para aumentar seus gastos e impulsionar o crescimento.
Os Estados Unidos, que exibem o mais vigoroso crescimento entre os países desenvolvidos e que sofre agora pressões para investir em infraestrutura, disseram ter feito a sua parte.
"Os Estados Unidos não podem e não devem ser o único motor do crescimento, nem o importador, nem o primeiro e último recurso para a economia global", disse o secretário americano do Tesouro, Jacob Lew. "Todas as economias devem aplicar todas as ferramentas de política econômica", apontou.
A Alemanha, outro dos países sob pressão para que disponha de seus recursos para impulsionar crescimento, avisou que a resposta à demanda é que outros reformem suas economias.
"Repetidas revisões do crescimento global nos últimos anos mostram que há fatores estruturais que têm influência", expressou o ministro alemão da Economia, Wolfgang Schauble, em comunicado.
"A política monetária não substitui uma política fiscal sustentável nem reformas estruturais", afirmou. "As limitações e os efeitos negativos das políticas macroeconômicas expansionistas se tornam mais visíveis na medida em que são aplicadas por mais tempo".
Isso não ajuda a confortar os países em situação de fragilidade. Como afirmou Carstens, as economias emergentes estão expostas a condições financeiras ajustadas, pressão sobre suas moedas e sem muito espaço fiscal ou monetário para mover-se.
O FMI anunciou possíveis programas de resgate a vários países nas últimas semanas a países como Angola e Suriname.
O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, disse que a entidade verificou um crescimento nos pedidos de ajuda a níveis só vistos em tempos de crise financeira.