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FMI deve elevar projeção de PIB ainda este ano, diz Ilan

No relatório do FMI, a previsão é que o Brasil deve crescer 2,3% neste ano e 2,5% em 2019; já a projeção do ministério da Fazenda é de 3%

Ilan Goldfajn: “Estamos recuperando. A recuperação é gradual e uma parte do gradualismo são as incertezas" (Adriano Machado/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de abril de 2018 às 17h48.

O presidente do Banco Central , Ilan Goldfajn , disse hoje (20) que acredita o Fundo Monetário Internacional ( FMI ) deve revisar sua projeção de crescimento neste ano para o Brasil. “Se as nossas projeções se mantiverem, acho que eles vão acabar subindo [a projeção]”, afirmou.

Segundo Goldfajn, que participa dos Encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial em Washington, no último relatório Panorama da Economia Mundial, divulgado nesta terça, o Brasil foi um dos países cuja projeção mais se elevou em relação ao relatório anterior de janeiro.

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No relatório do FMI, a previsão é que o Brasil deve crescer 2,3% neste ano e 2,5% em 2019, puxado por consumo e investimento. As projeções do fundo são menores do que as do ministério da Fazenda, de 3% para este ano, e do que as do mercado, que ficam em torno de 2,8%.

Sobre a gradualidade da retomada do crescimento brasileiro, o presidente do Banco Central afirmou que os números atuais são positivos, já que não se fala mais em recessão.

“Qualquer projeção entre 2,5 e 3% está dentro da margem razoável de projeções para este ano”, ressaltou, e e disse que a aceleração prevista pelo FMI está relacionada à política monetária, que gerou renda e permitiu o consumo antes mesmo da retomada dos investimentos.

“Estamos recuperando. A recuperação é gradual e uma parte do gradualismo são as incertezas”, disse o presidente, citando enrte elas as incertezas políticas.

Quando questionado se continuaria no cargo em um eventual novo governo, o presidente do Banco Central afirmou que a contribuição de um presidente para o Banco Central é mais efetiva se ele se mantiver neutro com relação a questões partidárias.

“O BC tem que trabalhar para qualquer cenário, para qualquer partido, ser um ator neutro para ter o seu papel de órgão de estado.”

Alta dos juros

Para Goldfajn, a normalização das políticas monetárias, ou seja, um aumento da taxa de juros, sobretudo nos Estados Unidos, não deve causar sobressaltos à economia brasileira, até porque o processo de normalização está relacionado à retomada do crescimento ao redor do mundo, o que é positivo. Ele lembrou a projeção do FMI de que o crescimento mundial será de 3,9% neste ano e no ano que vem, que, segundo ele, é um bom número: “a única coisa é que os números bons trazem nessa normalização”.

Segundo Ilan, os países têm que se preparar para uma mudança no cenário internacional, que havia sido muito benigno nos últimos anos e “talvez deixe de ser tão benigno”.

De acordo com ele, nesse período houve uma janela para que os países fizessem reformas, e o Brasil, assim como outras economias, aproveitou essa janela, ainda que a reforma da Previdência não tenha sido aprovada. “Ficou para mais adiante”, afirmou.

Guerra comercial

O presidente do Banco Central afirmou que o cenário internacional é benigno, mesmo que algumas flutuações tenham ocorrido no sistema financeiro no início do ano, sobretudo depois da intensificação das discussões sobre disputais comerciais entre Estados Unidos e China.

“Nós estamos num mundo onde muita coisa começa muito ruidosa e não necessariamente acaba com o ruído que começou”, afirmou. “Não acredito que isso que estamos observando vá levar a uma guerra comercial, isso faz parte de estratégias de negociação”.

Ilan disse que o Brasil está preparado para lidar com eventuais volatilidades, já que tem amortecedores, como um sistema financeiro robusto, balanço de pagamentos equilibrado, reservas altas, estoques de swaps baixos, conta-corrente favorável e fluxo normal dos investimentos estrangeiros diretos.

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