FMI alerta para "desaceleração sincronizada" do crescimento global
Chefe do FMI apresentou uma pesquisa mostrando que o efeito dos conflitos comerciais pode significar uma redução de US$ 700 bi na produção global até 2020
Reuters
Publicado em 8 de outubro de 2019 às 11h46.
Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 12h17.
Washington — A nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) , Kristalina Georgieva, deu um alerta severo sobre a situação do crescimento global nesta terça-feira (8), dizendo que os conflitos comerciais causaram uma "desaceleração sincronizada" e precisam ser resolvidos.
Em seu discurso inaugural após assumir a liderança do fundo em 1º de outubro, Georgieva apresentou uma nova pesquisa do FMI mostrando que o efeito cumulativo dos conflitos comerciais pode significar uma redução de 700 bilhões de dólares na produção global até 2020, ou cerca de 0,8%.
A pesquisa leva em consideração os aumentos de tarifas anunciados e planejados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações chinesas restantes, ou cerca de 300 bilhões de dólares em mercadorias. Grande parte das perdas no PIB global virá de um declínio na confiança empresarial e reações negativas do mercado, disse ela.
"Em 2019, esperamos um crescimento mais lento em quase 90% do mundo. A economia global está agora em desaceleração sincronizada. Isso significa que o crescimento neste ano cairá para a sua taxa mais baixa desde o início da década", disse Georgieva.
A economista búlgara, ex-autoridade da União Europeia que já ocupou segunda liderança no Banco Mundial, disse que o comércio "quase estagnou".
Ela alertou que fraturas no comércio podem levar a mudanças que duram toda uma geração, incluindo "rompimentos nas cadeias de suprimentos, setores comerciais isolados, um 'Muro de Berlim digital' que força os países a escolherem entre sistemas de tecnologia".
Ao pedir aos países que trabalhem juntos para revisar as regras comerciais globais para torná-las sustentáveis, ela mencionou queixas frequentes sobre as práticas comerciais da China, sem nomear o país especificamente.
"Isso significa lidar com subsídios, bem como direitos de propriedade intelectual e transferências de tecnologia", disse ela, acrescentando que um sistema de comércio modernizado destravaria o potencial de serviços e e-commerce.
Mudanças climáticas
A luta contra a crise climática exigirá uma mudança nos sistemas tributários para incluir um aumento significativo na taxação de emissão de carbono - afirmou Kristalina Georgieva.
"É uma crise à qual ninguém está imune e todos têm a responsabilidade de agir", disse ela em um discurso antes da reunião anual do Fundo e do Banco Mundial na próxima semana.
"Limitar o aquecimento global (...) requer um preço significativamente mais alto de carbono", enfatizou.
"A chave é mudar os sistemas tributários", concluiu.