Fed eleva juros e indica redução de balanço patrimonial
A decisão elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 1,00 a 1,25%, com o 1º ciclo de aperto do Fed em mais de uma década
Reuters
Publicado em 14 de junho de 2017 às 15h38.
Última atualização em 14 de junho de 2017 às 18h20.
Washington - O Federal Reserve elevou as taxas de juros na quarta-feira pela segunda vez em três meses e afirmou que começará a reduzir a sua participação em títulos e em outros ativos neste ano, sinalizando confiança no crescimento da economia dos EUA e no fortalecimento do mercado de trabalho.
Ao subir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual para uma faixa de 1,00 por cento a 1,25 por cento e projetando mais uma alta dos juros neste ano, o Fed pareceu, em grande parte, ignorar uma leva de dados econômicos variados recentes.
O comitê do banco central dos EUA responsável pela definição dos juros disse que a economia continuou a se fortalecer, os ganhos de trabalho permaneceram sólidos e indicou que a recente moderação na inflação é transitória.
O Fed fez um claro esboço de seu plano para reduzir o portfólio de 4,2 trilhões de dólares em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas, cuja maior parte foi comprada na esteira da crise financeira e recessão de 2007-2009.
O banco central espera começar a normalização do seu balanço este ano, aumentando gradualmente o ritmo. O plano, que levaráa suspensão dos reinvestimentos de montantes cada vez maiores de títulos vencidos, não especificou o tamanho total da redução.
"O que posso dizer para vocês é que antecipamos a redução do balanço a níveis sensivelmente inferiores aos observados nos últimos anos, mas maiores do que antes da crise financeira", disse a chair da Fed, Janet Yellen, durante coletiva de imprensa.
Ela acrescentou que a normalização do balanço poderia ser implementada "relativamente em breve".
O limite inicial para a redução das participações no Tesouro pelo Fed seria fixado em 6 bilhões de dólares por mês, aumentando em 6 bilhões de dólares a cada três meses ao longo de um período de 12 meses até atingir 30 bilhões de dólares por mês.
Para títulos lastreados por hipotecas, o limite será de 4 bilhões de dólares por mês inicialmente, aumentando 4 bilhões de dólares em intervalos trimestrais em um ano até atingir 20 bilhões de dólares por mês.
As ações dos EUA recuaram e os preços dos Treasuries cederam após a decisão de política monetária do Fed. O índice do dólar ficou em grande parte estável ante uma cesta de moedas depois de reverter as perdas anteriores, enquanto o preço do ouro caiu.
Olhos na inflação
O Fed agora elevou a taxa de juros quatro vezes como parte de uma normalização da política monetária que começou em dezembro de 2015. O banco central havia levado a taxa para perto de zero em resposta à crise financeira.
As autoridades também divulgaram novas projeções econômicas, que mostraram preocupação temporária com a inflação e contínua confiança em relação ao crescimento econômico nos próximos anos.
Elas projetaram crescimento econômico dos EUA de 2,2 por cento em 2017, aumento em relação à projeção de março. A inflação foi projetada em 1,7 por cento até o final deste ano, contra 1,9 por cento estimado anteriormente.
A medida preferida do Fed para a inflação caiu a 1,5 por cento, de 1,8 por cento neste ano, e tem ficado abaixo da meta de 2 por cento do banco central há mais de cinco anos.
Yellen indicou que o Fed ainda permanece confiante de que a inflação alcançará a sua meta no médio prazo, reforçada pelo que ela descreveu como um mercado de trabalho robusto que continua a se fortalecer.
As estimativas do Fed para a taxa de desemprego no final deste ano diminuíram para 4,3 por cento, nível atual, e para 4,2 por cento em 2018, indicando que o Fed acredita que o mercado de trabalho continuará apertado.
O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, foi dissidente na decisão desta quarta-feira.