Economia

Fed mantém juros e sinaliza duas altas neste ano

No entanto, o Fed reduziu suas projeções econômicas para 2016 e 2017 e indicou que será menos agressivo ao apertar a política monetária após o fim deste ano


	Fed: as autoridades do Fed não deram indicações de quando podem elevar os juros, embora suas projeções deixem a porta aberta para alta no próximo mês
 (Mandel Ngan/AFP)

Fed: as autoridades do Fed não deram indicações de quando podem elevar os juros, embora suas projeções deixem a porta aberta para alta no próximo mês (Mandel Ngan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2016 às 18h41.

Washington - O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa de juros nesta quarta-feira e sinalizou que ainda planeja duas altas neste ano, apesar de uma trajetória de crescimento econômico mais lenta para 2016 e 2017 levar a uma revisão para baixo sobre qual será o pico das taxas de juros.

Até mesmo a estimativa para a taxa de juros este ano foi menos segura do que a anterior. Das 17 projeções individuais dos membros do Fed, seis indicaram apenas uma alta este ano, ante a projeção de apenas um membro no levantamento anterior, há três meses.

"Estamos bastante incertos sobre aonde as taxas vão no longo prazo", disse a chair do Fed, Janet Yellen, em entrevista de imprensa após a decisão sobre a política monetária.

O banco central norte-americano reduziu sua projeção para o crescimento econômico em 2016 a 2 por cento, ante 2,2 por cento. A estimativa para avanço econômico em 2017 recuou para 2 por cento, ante 2,1 por cento.

O Fed também cortou sua visão sobre a taxa de juro apropriada no longo prazo em 0,25 ponto percentual, para 3,0 por cento, e indicou que seria menos agressivo no aperto monetário depois do fim deste ano.

Yellen não deu pistas se um novo aumento de juros poderia vir na próxima reunião, em julho, ou se o banco central esperará uma série de dados mais firmes, avançando para a reunião de setembro.

"Apesar de dados recentes do mercado de trabalho terem sido decepcionantes, é importante não exagerar na reação a uma ou duas leituras mensais", disse Yellen, acrescentando que o Fed espera fortalecimento adicional do mercado de trabalho.

As autoridades estão preocupadas com a potencial fraqueza no mercado de trabalho dos Estados Unidos e a possibilidade de turbulência financeira se a Grã-Bretanha votar por deixar a União Europeia (UE) em referendo na próxima semana.

Yellen reconheceu que o referendo foi um dos fatores na decisão desta quarta-feira sobre a taxa de juros e disse que a decisão britânica sobre a permanência ou não na UE teria "consequências para as condições econômicas e financeiras nos mercados globais".

POSTURA BRANDA, SINALIZANDO PREOCUPAÇÕES COM CRESCIMENTO

Os mercados financeiros praticamente deixaram de precificar uma alta de juros este ano, após o comunicado do Fed.

Mesmo os membros mais duros do Fed apoiaram a decisão de adiar a alta de juros na reunião desta quarta-feira, destacaram analistas.

"É tão 'dovish' quanto o Fed pode ser sem efetivamente cortar os juros. Até mesmo (a presidente do Fed de Kansas) Esther George deixou de ser dissidente", disse o estrategista-chefe de portfólio do Wells Fargo, Brian Jacobsen.

O Fed elevou os juros apenas uma vez em uma década e nesta quarta-feira manteve a meta para a taxa entre 0,25 por cento e 0,50 por cento.

O banco central subiu os juros em dezembro e inicialmente sinalizou que quatro altas eram possíveis em 2016. Preocupações com a desaceleração econômica global e a volatilidade nos mercados financeiros reduziram subsequentemente esse número para duas.

Embora as preocupações com a saúde da economia global tenham diminuído, a forte desaceleração das contratações nos EUA em maio foi preocupante. Dados mais recentes indicaram que o relatório de emprego de maio pode ter sido um desvio temporário e menor. O Fed também disse que a atividade econômica parece ter se recuperado desde abril.

Economistas consultados pela Reuters não viam nenhuma chance de o Fed elevar os juros agora. A maioria esperava que isso acontecesse em julho ou setembro, na expectativa de que o mercado de trabalho norte-americano se recuperaria e que o referendo britânico não levaria a um colapso financeiro.

Texto atualizado às18h41
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