Falsificadores africanos trocam Rolex por rolamentos
Esqueça as falsificações de relógios, bolsas e óculos de sol; lojas em Nairóbi falsificam rolamentos, com muito mais riscos para os consumidores
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2016 às 22h57.
A estrada Kirinyaga, em Nairóbi, é o tipo de rua empoeirada e degradada que fica à margem da maior parte dos centros urbanos africanos : carros e motos abrem caminho em meio a multidões de compradores que olham vitrines repletas de roupas, aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos baratos.
Em uma manhã de terça-feira, em abril, uma loira sueca se destacou na multidão ao levar nove policiais quenianos a uma loja que, segundo ela acreditava, vendia produtos falsificados.
Mas eles não estavam atrás de imitações de bolsas, relógios ou óculos de sol. A loja era especializada em um produto falsificado muito menos atraente -- e mais perigoso: rolamentos de esferas.
À frente da operação estava Tina Aastroem, chefe de proteção de marca da fabricante de rolamentos sueca SKF. Aastroem havia examinado a loja seis meses antes e concluiu que muitos produtos da SKF que estavam lá, e também das fabricantes rivais FAG e Timken, eram falsos.
Na operação, sua equipe passou horas analisando caixas empilhadas do chão ao teto -- abastecidos por frango pedido ao KFC local -- e descobriram US$ 100.000 em rolamentos falsificados para carros e outros veículos.
“Eram cerca de três toneladas que precisavam ser inspecionadas, levantadas, embaladas e transportadas”, disse Aastroem. “Quem faz esse tipo de trabalho não precisa ir à academia.”
Tudo é pirateado, desde graxa para sapatos até medicamentos e peças automotivas. As estimativas da escala do problema variam de US$ 461 bilhões -- 2,5 por cento do comércio global --, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a cerca de US$ 1,8 trilhão, segundo cálculos do ano passado da Câmara de Comércio Internacional.
E embora as fabricantes de produtos de luxo -- que estão entre as falsificações mais famosas -- percam dinheiro com o comércio, o risco para os consumidores neste caso é baixo.
Contudo, quando o assunto são coisas mais mundanas, como os rolamentos, as falsificações podem ser tanto perigosas quanto custosas.
Fórmula 1
O piloto de Fórmula 1 finlandês Mika Hakkinen abandonou o Grande Prêmio de San Marino de 1998 quando sua caixa de câmbio falhou devido a rolamentos falsificados.
Houve casos em que imitações de materiais de construção pegaram fogo. Eletrônicos falsificados chegaram a provocar falhas em equipamentos militares.
E a SKF afirma que um rolamento falso instalado na bomba de uma piscina provocou um incêndio que reduziu uma casa a cinzas.
“A questão não é o que está sendo falsificado, e sim o que não está”, disse Karl Lallerstedt, diretor de programa da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, uma rede de agências policiais.
Na operação em Nairóbi, uma das 130 das quais SKF participou neste ano, cerca de 95 por cento dos rolamentos da SKF que Aastroem encontrou eram falsificados.
Quando chegou e viu o que estava acontecendo, o proprietário da loja tentou sair correndo, mas logo foi pego e preso, disse Aastroem. Ele pagou uma multa e os rolamentos falsos foram destruídos.
A participação nessas operações ajuda Aastroem a entender como os vendedores comercializam suas mercadorias e o tipo de cliente que as compram -- conhecimento que ajuda a empresa a identificar falsificações e a oferecer uma informação melhor para os clientes sobre possíveis armadilhas relacionadas ao uso de produtos falsificados.
“Sem estar no local não é possível entender o modelo de negócio”, disse ela. A estratégia da SKF de colocar a mão na massa “é um investimento significativo, mas vale a pena”.
A estrada Kirinyaga, em Nairóbi, é o tipo de rua empoeirada e degradada que fica à margem da maior parte dos centros urbanos africanos : carros e motos abrem caminho em meio a multidões de compradores que olham vitrines repletas de roupas, aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos baratos.
Em uma manhã de terça-feira, em abril, uma loira sueca se destacou na multidão ao levar nove policiais quenianos a uma loja que, segundo ela acreditava, vendia produtos falsificados.
Mas eles não estavam atrás de imitações de bolsas, relógios ou óculos de sol. A loja era especializada em um produto falsificado muito menos atraente -- e mais perigoso: rolamentos de esferas.
À frente da operação estava Tina Aastroem, chefe de proteção de marca da fabricante de rolamentos sueca SKF. Aastroem havia examinado a loja seis meses antes e concluiu que muitos produtos da SKF que estavam lá, e também das fabricantes rivais FAG e Timken, eram falsos.
Na operação, sua equipe passou horas analisando caixas empilhadas do chão ao teto -- abastecidos por frango pedido ao KFC local -- e descobriram US$ 100.000 em rolamentos falsificados para carros e outros veículos.
“Eram cerca de três toneladas que precisavam ser inspecionadas, levantadas, embaladas e transportadas”, disse Aastroem. “Quem faz esse tipo de trabalho não precisa ir à academia.”
Tudo é pirateado, desde graxa para sapatos até medicamentos e peças automotivas. As estimativas da escala do problema variam de US$ 461 bilhões -- 2,5 por cento do comércio global --, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a cerca de US$ 1,8 trilhão, segundo cálculos do ano passado da Câmara de Comércio Internacional.
E embora as fabricantes de produtos de luxo -- que estão entre as falsificações mais famosas -- percam dinheiro com o comércio, o risco para os consumidores neste caso é baixo.
Contudo, quando o assunto são coisas mais mundanas, como os rolamentos, as falsificações podem ser tanto perigosas quanto custosas.
Fórmula 1
O piloto de Fórmula 1 finlandês Mika Hakkinen abandonou o Grande Prêmio de San Marino de 1998 quando sua caixa de câmbio falhou devido a rolamentos falsificados.
Houve casos em que imitações de materiais de construção pegaram fogo. Eletrônicos falsificados chegaram a provocar falhas em equipamentos militares.
E a SKF afirma que um rolamento falso instalado na bomba de uma piscina provocou um incêndio que reduziu uma casa a cinzas.
“A questão não é o que está sendo falsificado, e sim o que não está”, disse Karl Lallerstedt, diretor de programa da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, uma rede de agências policiais.
Na operação em Nairóbi, uma das 130 das quais SKF participou neste ano, cerca de 95 por cento dos rolamentos da SKF que Aastroem encontrou eram falsificados.
Quando chegou e viu o que estava acontecendo, o proprietário da loja tentou sair correndo, mas logo foi pego e preso, disse Aastroem. Ele pagou uma multa e os rolamentos falsos foram destruídos.
A participação nessas operações ajuda Aastroem a entender como os vendedores comercializam suas mercadorias e o tipo de cliente que as compram -- conhecimento que ajuda a empresa a identificar falsificações e a oferecer uma informação melhor para os clientes sobre possíveis armadilhas relacionadas ao uso de produtos falsificados.
“Sem estar no local não é possível entender o modelo de negócio”, disse ela. A estratégia da SKF de colocar a mão na massa “é um investimento significativo, mas vale a pena”.