Economia

Exportação de milho do Brasil bate recorde e seguirá forte

O país produziu um recorde superior a 72,5 milhões de toneladas na safra passada, os preços dispararam no mercado internacional

Plantação de milho (Stock Exchange)

Plantação de milho (Stock Exchange)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2012 às 17h06.

São Paulo - As exportações de milho do Brasil no acumulado de 2012 bateram um recorde anual antes mesmo do final do ano, segundo dados do governo brasileiro, e deverão continuar fortes em 2013 diante da firme demanda internacional, de acordo com analistas.

O Brasil, terceiro exportador global atrás dos Estados Unidos e da Argentina, embarcou de janeiro até a terceira semana de outubro 11,87 milhões de toneladas, apontou nesta segunda-feira a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O resultado sepultou, em menos de dez meses, o recorde anual de 10,9 milhões de toneladas de 2007.

"O Brasil pode superar muito facilmente as 15, 16 e bater as 17 milhões de toneladas de exportação em 2012", afirmou Aedson Pereira, analista de grãos da Informa Economics FNP, em entrevista à Reuters.

Segundo ele, se isso acontecer, o país poderia superar a Argentina na exportação de milho pela primeira vez.

"A Argentina teve quebra de safra e só faz uma safra (o Brasil faz duas safras de milho ao ano), e ela tem limitação do governo, que colocou um teto de 16,5 milhões de toneladas na exportação", ressaltou Pereira, lembrando que o governo do país vizinho mantém o controle sobre os embarques para garantir a oferta interna e evitar pressão inflacionária.

Pereira lembrou que a Argentina esperava colher um safra de 28 milhões de toneladas, mas colheu cerca de 20 milhões de toneladas na temporada passada.

Por parte do Brasil, ao contrário, uma conjunção de fatores está favorecendo as exportações.

O país produziu um recorde superior a 72,5 milhões de toneladas na safra passada, os preços dispararam no mercado internacional com a quebra de safra dos Estados Unidos, o câmbio está favorável às vendas externas e há estoques abundantes, observou o analista.

Além disso, a União Europeia, afetada por uma seca, também está de olho no cereal brasileiro.

Prova disso é que os europeus, em geral contrários a produtos transgênicos, derrubaram nesta segunda-feira barreiras a uma variedade geneticamente modificada semeada no Brasil.

As exportações de milho ganharam mais força nos últimos meses, tendo registrado um recorde de 3,14 milhões de toneladas em setembro, um volume que poderá ser batido em outubro, considerando os embarques realizados nas três semanas deste mês (2,47 milhões de toneladas).


Segundo o analista da Informa, as exportações brasileiras tendem a recuar em outubro em relação aos meses de pico de embarque (julho, agosto e setembro), já que a partir deste mês os Estados Unidos começam a exportar a nova safra. Mas neste ano, pela drástica quebra de safra norte-americana, o cenário é distinto.

"Está havendo um deslocamento da demanda, está mais competitivo aqui, pelo câmbio... Fazendo uma conta bem básica, milho no Golfo dos EUA está 290, quase 300 dólares por tonelada. No Brasil, está 275 dólares, então está competitivo o milho do Brasil." O Brasil, inclusive, está exportando milho para algumas regiões dos EUA.

Mesmo com uma exportação de 17 milhões de toneladas, um novo recorde histórico, o Brasil ainda fecharia o ano com estoques relativamente altos, de 10 milhões de toneladas, segundo o analista da Informa.

Próximo ano

Outra consultoria, a Céleres, projeta exportações de milho do Brasil em 2012 de cerca de até 15 milhões de toneladas e prevê um novo recorde em 2013, de 20 milhões de toneladas.

"As exportações de milho (da última colheita) devem desacelerar somente em fevereiro, com a chegada da soja no porto", afirmou o diretor da Céleres, Anderson Galvão, em entrevista.

Quando começa a exportação de soja da safra nova normalmente são reduzidos embarques de milho, principalmente pela falta de condições logísticas para a exportação de grandes volumes das duas commodities.

"Pelos nossos dados, a gente acredita na continuação das exportações de milho em janeiro e fevereiro. Agora é só milho. Até entrar com a oferta de soja no mercado, e a gente só vai começar a ser mais ativo com soja no final de fevereiro, a maioria dos contratos é para março e abril", acrescentou Pereira, da Informa.

Outra indicação de fortes vendas para 2013, segundo Pereira, é que foram registrados alguns negócios de milho da safra nova de verão, algo bastante incomum. Normalmente, o forte da exportação é com o produto da segunda safra, com a primeira ficando no mercado interno. No Rio Grande do Sul teriam sido fechados negócios para exportação de 350 mil toneladas, para embarques entre fevereiro e março.

Segundo ele, isso mostra que o Brasil pode ser capaz de continuar atendendo o mercado global de milho até março de 2013, antes de os embarques ganharem força novamente no segundo semestre, como tradicionalmente acontece.

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