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Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2012 às 18h22.
Frankfurt - As expectativas criadas pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE) sobre uma possível ação para preservar a Zona do Euro poderão ser frustradas na reunião mensal da instituição, nesta quinta-feira, apontam analistas.
Draghi deverá revelar, ao término da reunião do conselho de governadores do BCE, um novo plano de compra de bônus estatais no mercado secundário da dívida. Esse plano foi sugerido no princípio de agosto devido aos altos custos para emitir bônus de países como Espanha ou Itália, respectivamente 4ª e 3ª economias da Zona Euro.
"O BCE pode realizar operações no mercado da dívida para alcançar seu objetivo", havia declarado Monti no dia 2 de agosto, afirmando que a instituição monetária de Frankfurt (oeste) está pronta para fazer todo o possível para garantir a viabilidade da Zona Euro.
Os mercados esperam, portanto, saber até onde o BCE está disposto a chegar.
Contudo, diante da resistência do Banco Central alemão, que passou a ofensiva através da imprensa, as dúvidas persistem e alimentam a febre dos investidores.
"Os que esperam detalhes explícitos (na quinta-feira) podem ficar decepcionados", disse Marco Valli, economista-chefe para a Zona Euro do UniCredit.
Para Valli, Draghi "será impreciso" e se limitará a repetir sua mensagem do mês anterior, como consequência ao efeito inverso do desejado, ou seja, uma volatilidade acentuada no mercado financeiro, uma nova alta das taxas de risco para os países mais frágeis e o desgaste da moeda comum.
"Caso comecem os anúncios, há uma forte probabilidade de que eles afetem muito a dinâmica do mercado", disse por sua vez Hiromichi Shirakawa, operador de câmbio do Credit Suisse.
Um estrategista de ações do Goldman Sachs já advertiu a seus clientes sobre vendas massivas e lhes aconselhou que protejam rapidamente suas posições, segundo uma informação publicada no site da CNBC.
O programa de compra de dívida pública pelo BCE (batizado de SMP - Securities Markets Programme) foi lançado em maio de 2010, com a primeira crise grega. A instituição, que em um primeiro momento foi reticente, se deixou convencer pelos responsáveis políticos europeus sobre a necessidade de intervir nesse sentido.
Contudo, desde então, o programa só foi aplicado de maneira pontual. O BCE afirmou que era temporal e limitado em suas quantidades. E principalmente a iniciativa tem sido criticada repetidamente pelo Bundesbank, que a vê como uma forma encoberta de financiar aos Estados, o que é proibido por seus estatutos, e uma ameaça para a inflação, quando o mandato quase único do BCE é garantir a estabilidade dos preços com sua política monetária.
Estes dois fatos podem danificar a eficácia do programa, segundo economistas.
Agora o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, parece isolado no Conselho de governadores do BCE. A instância está composta por 23 membros: os 17 dirigentes dos bancos centrais da região e seis membros do diretório.
Diferentemente de Weidmann, todos estariam de acordo em reativar a compra de bônus, suspensa há seis meses, afirmou na terça-feira o periódico holandês Het Financieele Dagblad.
Para Paul Donovan, do UBS, os mercados não devem esperar importantes anúncios de Draghi.
Holger Schmieding e Christian Schulz, do banco Berenberg, esperam apenas que Mario Draghi anuncie o nível que tem que ser alcançado pelas taxas de juros para que o BCE intervenha automaticamente.
As taxas dos bônus espanhóis a dois anos baixaram a 3,5%, contra 6,5% antes do anúncio de agosto.
Na segunda-feira, Draghi disse que, a seus olhos, a compra da dívida a médio prazo (menos de três anos) no mercado secundário não é criação de dinheiro", segundo um eurodeputado que assistiu a um encontro a portas fechadas.