Economia

EXAME/IDEIA: para 61%, Bolsonaro deve interferir no preço dos combustíveis

Pesquisa EXAME/IDEIA mostra que o aumento dos combustíveis, em especial da gasolina, pesou mais no bolso de 40% dos brasileiros

A gasolina é um dos itens que mais impacta a economia. (Alexandre Battibugli/Exame)

A gasolina é um dos itens que mais impacta a economia. (Alexandre Battibugli/Exame)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 07h30.

A Petrobras já subiu quatro vezes o preço da gasolina em 2021 e a alta acumulada do combustível nas refinarias chega a quase 35%. A escalada do preços gerou uma crise no governo que levou à demissão do atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

Para 61% dos brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro deve interferir sim para manter o valor dos combustíveis a níveis mais baixos. Já 12% entendem que não deve ocorrer intervenção, e 28% nem concordam nem discordam com a possibilidade.

Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest Pro, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 22 e 24 de fevereiro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.

O combustível é um dos itens que mais impactam a economia -  em especial, a inflação. Isso porque o transporte de mercadorias é feito basicamente sobre rodas no Brasil. E a pesquisa EXAME/IDEIA mostra que 95% da população já sentiu os reflexos da alta de preços de maneira geral. Essa percepção é alta - acima de 90% - em todas as faixas salariais, sendo mais sentida no grupo dos que ganham entre um e três salários mínimos (98%).

Na quarta-feira, 24, o IBGE divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,48 por cento em fevereiro, pressionado principalmente pela alta no preço dos combustíveis e do transporte.

“Sobre a potencial intervenção do presidente nos preços da gasolina através das mudanças na Petrobras, a pesquisa aponta que tal medida fortalece a popularidade do presidente. O maior grupo contrário à intervenção presidencial é o de ensino superior (21%). Porém, aproximadamente 28% não têm opinião formada, o que mostra uma janela de oportunidade para discutir mais profundamente esse tema”, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA.

O aumento dos combustíveis pesou mais no bolso de 40% dos brasileiros. A alta de preços foi mais sentida nas bebidas e nos alimentos para 77% das pessoas ouvidas. O gasto com medicamentos é motivo de orçamento apertado para 19%, enquanto 16% é o valor do aluguel. Neste quesito da pesquisa, os entrevistados podiam assinalar duas opções.

Aprovação do presidente chega a 31%

A pesquisa EXAME/IDEIA mediu também a avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro. Entre os entrevistados, 31% aprovam a sua gestão. O número representa uma alta de 4%, em relação à última pesquisa, e está um ponto acima da margem de erro. Já os que desaprovam o governo Bolsonaro somam 41%, e 24% nem aprovam ou desaprovam.

De acordo com Maurício Moura, a recente troca no comando da Petrobras - que deve permitir a intervenção no preço dos combustíveis - e publicação de decretos que ampliaram o acesso a armas contribuíram para este aumento na validação da maneira como Bolsonaro trabalha.

“A avaliação do presidente está muito estável e oscilou um ponto acima da margem de erro. Destaque para o fortalecimento positivo do governo federal na região Centro-Oeste (40% aprovam) e a sólida margem positiva entre os evangélicos (42%)”, afirma Moura.

Apesar disso, a desaprovação entre as pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos está em 63%, uma das mais altas da série histórica. A avaliação negativa da gestão do presidente também é grande na parcela com o ensino superior completo (56%), e entre pessoas com mais de 45 anos (44%).

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisExame HojeEXAME/IDEIAGasolinaInflaçãoJair BolsonaroPetrobraspostos-de-gasolinaPreços

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto