Brazil Summit: realizado em Nova York pelo jornal Financial Time, evento reuniu lideranças para debater os rumos do país (Sarah Merians Photography/Divulgação)
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Publicado em 21 de maio de 2024 às 17h00.
O Brasil é dividido em 27 unidades da federação, número igual ao de países da União Europeia, que tem metade da área. As diferenças geográficas e populacionais – e o potencial econômico brasileiro – são, naturalmente, muito grandes.
Por isso mesmo, os estados são cruciais para conduzir o desenvolvimento econômico nacional. Cada um tem seu próprio potencial para atrair investimentos e avançar em suas pautas mais relevantes, em parceria com a iniciativa privada.
Esse foi o pano de fundo da terceira edição do Brazil Summit, um evento realizado em Nova York pelo jornal Financial Times e que contou com a EXAME como media partner. O objetivo do encontro foi reunir CEOs e lideranças para debater os rumos para a economia do país em geral, além de tendências de investimento e as mais recentes políticas e iniciativas corporativas para impulsionar o crescimento, mitigar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir as desigualdades sociais.
Ao longo do dia 15 de maio, mais de 30 palestrantes dialogaram diante de mais de 240 pessoas, que representavam mais de 40 empresas. A mediação ficou por conta de dois jornalistas do veículo: Michael Stott, editor para a América Latina; e Michael Pooler, correspondente no Brasil. Além de debater o momento do país, os participantes apontaram caminhos para o futuro. Confira, a seguir, os principais momentos desse encontro:
Subiram ao palco Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury; Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza; Fabio Colletti Barbosa, CEO da Natura &Co; Ricardo Mussa, CEO da Raízen; e Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co – e agraciado, durante o encontro, com o prêmio de Personalidade do Ano pela Brazilian-American Chamber of Commerce.
Três governadores também estiveram presentes: Romeu Zema, de Minas Gerais; Cláudio Castro, do Rio de Janeiro; e Rafael Tajra Fonteles, do Piauí. Em comum, eles defenderam a proatividade dos estados na busca por soluções para seus desafios locais.
Fonteles, por exemplo, descreveu como foi possível alcançar o maior aumento de Produto Interno Bruto (PIB) entre todas as unidades da federação do Nordeste nos últimos 20 anos.
“Os setores que dinamizaram a economia do Piauí nos últimos anos incluem a agricultura, que vem passando por um processo de industrialização semelhante ao que já ocorreu no passado no Mato Grosso. E também a área de energias renováveis. Temos o maior parque eólico da América Latina e o segundo maior parque solar, atrás apenas de Minas Gerais”, descreveu o governador.
O próximo passo, já em andamento, é investir no desenvolvimento de hidrogênio verde. “Acreditamos que o Brasil será uma referência global em produção de hidrogênio verde e que o Piauí apresenta as condições ideais para apoiar essa indústria”, disse Fonteles.
O encontro foi composto por painéis e entrevistas focados em diferentes temas estruturais importantes no cenário global, com lideranças brasileiras lançando seu olhar a respeito de ações e desafios atuais.
Um dos encontros, por exemplo, debateu os caminhos para o agronegócio avançar em produtividade. Outro abordou as aspirações brasileiras em liderar a agenda global de transição climática. Um terceiro, relacionado com este, avançou na discussão sobre como o Brasil pode fortalecer sua tradicional posição como gerador de energia limpa.
“O Brasil gera eletricidade majoritariamente renovável, o que agrega valor para os produtos que consome e exporta. Agora precisa avançar na disponibilidade do recurso, com investimentos que garantam a resiliência do sistema”, citou Reynaldo Passanezi Filho, CEO da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
A disponibilidade com confiabilidade apoia o investimento em novos mercados, como o de carros elétricos. “Implementamos no Brasil nossa primeira operação de fabricação e venda de carros elétricos fora da Ásia”, disse Alexandre Baldy, chair para o Brasil da BYD.
A educação foi um tema frequentemente citado no evento. Para Carlos Felipe Jaramillo, vice-presidente do Banco Mundial para a região da América Latina e Caribe, o Brasil encara alguns desafios estruturais, que passam, necessariamente, por ajustes no ensino.
“Um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da economia do país é a educação. Não faltam investimentos, mas a qualidade é baixa e as aulas, em geral, não atendem às demandas do mundo contemporâneo”, argumentou.
Por outro lado, Samar Maziad, analista sênior do grupo de risco soberano da Moody's, lembrou que o momento de curto prazo, tanto no passado recente quanto no futuro próximo, é positivo.
“O Brasil realizou reformas importantes nos últimos oito anos e é um líder potencial em energia verde, que em última análise depende de tecnologia para ampliar suas capacidades. E a capacidade de gerar tecnologia está diretamente ligada à educação.”
Como lembrou Augusto Neves Dal Pozzo, sócio-fundador do Dal Pozzo Advogados, existem pautas que podem caminhar em parceria. “Saúde e educação são dois campos desafiadores, que podem caminhar juntos, com investimentos em infraestrutura e na integração de dados. Assim podemos avançar como sociedade e ver crescer a economia de forma mais consistente.”