Economia

Europa tem dia de greves antiausteridade

Milhões de trabalhadores aderiram a greves em protesto contra os cortes de gastos e aumentos de impostos


	Sindicatos culpam os cortes de gastos e aumentos de impostos pela pobreza e aprofundamento da crise econômica da região
 (Yves Herman/Reuters)

Sindicatos culpam os cortes de gastos e aumentos de impostos pela pobreza e aprofundamento da crise econômica da região (Yves Herman/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2012 às 09h19.

Madri/Lisboa - Milhões de trabalhadores aderiram a greves no sul da Europa, nesta quarta-feira, em protesto contra os cortes de gastos e aumentos de impostos que os sindicatos dizem ter provocado pobreza e aprofundado a crise econômica da região.

Trabalhadores espanhóis e portugueses realizaram a primeira greve geral coordenada e sindicatos de Grécia, Itália, França e Bélgica também planejam paralisações ou manifestações como parte do "Dia Europeu de Ação e Solidariedade".

A polícia espanhola prendeu 32 pessoas nas primeiras horas da manhã, após confrontos durante os protestos dos grevistas. O consumo de energia caiu 11 por cento, à medida que fábricas desligaram suas linhas de produção. Os trens de Portugal estavam praticamente sem funcionar e o metrô ficou fechado.

"Nós estamos em greve para acabar com essas políticas suicidas", disse Candido Mendez, chefe da segunda maior federação sindical da Espanha, a União Geral dos Trabalhadores.

Credores internacionais e alguns economistas dizem que os programas de aumento de impostos e cortes de gastos são necessários para colocar as finanças públicas de volta num caminho saudável após anos de gastos excessivos.

Apesar de vários países do sul da Europa terem sofrido explosões de violência, um protesto coordenado e eficaz regional contra a austeridade ainda não ganhou força e os governos até agora basicamente conseguiram manter suas políticas.


A Espanha, onde a crise elevou o desemprego a 25 por cento, tem visto alguns dos maiores protestos e o primeiro-ministro Mariano Rajoy está tentando evitar ter que pedir um ajuda europeia, que poderia exigir cortes orçamentários ainda maiores.

Os espanhóis estão furiosos que os bancos tenham sido resgatados com dinheiro público, enquanto as pessoas comuns sofrem. Uma mutuária espanhola cometeu suicídio na semana passada enquanto oficiais de justiça tentavam despejá-la de sua casa por falta de pagamento da hipoteca.

Em Portugal, que aceitou uma ajuda da UE no ano passado, as ruas têm ficado mais calmas, mas a oposição pública e política à austeridade é clara, ameaçando arruinar novas medidas pretendidas pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Seu governo de centro-direita foi forçado a abandonar um aumento planejado de encargos trabalhistas diante de enormes protestos populares, mas o substituiu por mais impostos.

As políticas de Passos Coelho foram descritas esta semana como modelo pela chanceler alemã, Angela Merkel, que é considerada em grande parte do sul da Europa uma vilã por insistir na austeridade como condição para seu apoio e a ajuda da UE.

"Estou em greve porque aqueles que trabalham estão basicamente sendo chantageados para sacrificar mais e mais em nome da redução da dívida, que é uma grande mentira", disse Daniel Santos de Jesus, de 43, que leciona arquitetura na Universidade Técnica de Lisboa.

Cerca de 5 milhões de pessoas, ou 22 por cento da força de trabalho, são sindicalizadas na Espanha. Em Portugal, cerca de um quarto da força de trabalho de 5,5 milhões é sindicalizada.

Os sindicatos planejam comícios e passeatas em várias cidades de ambos os países, com uma grande manifestação em Madri marcada para começar às 18h30 (15h30 do horário de Brasília).

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