Economia

EUA saberá hoje quanto cresceu seu PIB em 2023: veja por que previsões mudaram e o impacto no Brasil

Economia americana deve crescer acima de 2% em 2023, preveem analistas. Com a inflação recuando, muitos veem potencial para que consumo volte a impulsionar a economia em 2024

PIB dos EUA: há a expectativa de crescimento econômico de 2% nos últimos três meses de 2023 (Jim Young/Getty Images)

PIB dos EUA: há a expectativa de crescimento econômico de 2% nos últimos três meses de 2023 (Jim Young/Getty Images)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 07h34.

Analistas que acompanham a economia dos EUA revisaram suas estimativas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2023, que será conhecido hoje, após a recente divulgação de um relatório de vendas no varejo. Tudo indica que a maior economia do mundo terminou o ano passado melhor do que se imaginava em meio aos juros no maior patamar desde 2001.

As projeções do mercado foram revisadas para cima. A expectativa agora é de que os dados mostrem hoje que a economia se expandiu a uma taxa anual de 2% nos últimos três meses de 2023, impulsionada pelo crescimento de 2,5% nos gastos das famílias.

Os analistas da Bloomberg estimam que a economia americana cresceu 2,7% em 2023, bem mais que os 0,7% em 2022. "Mas acreditamos que o crescimento sofrerá uma desaceleração significativa no primeiro semestre deste ano, devido ao rápido esfriamento do mercado de trabalho e às preocupações com a disponibilidade de crédito e a sustentabilidade da demanda do consumidor."

Esse é um crescimento do PIB e do consumo mais fortes que a maioria dos economistas previu no início do trimestre, e seguiria uma série de surpresas positivas ao longo do ano passado que contrariaram as previsões generalizadas de uma recessão.

Agora, com a inflação recuando rapidamente, muitos veem potencial para que o consumidor dos EUA também continue a impulsionar a economia em 2024. E esse fator é o mais importante quando os analistas tentam prever quando o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, vai retomar o corte na taxa básica de juros.

Compasso de espera no Brasil e emergentes

Em dezembro, o Fed manteve os juros no intervalo entre 5,25% e 5,5%, o maior em duas décadas. Em suas projeções macroeconômicas, a autoridade monetária também deu os primeiros sinais de que o ciclo de elevação de juros foi encerrado. Resta saber quando elas vão começar a cair.

Isso importa para os investidores, particularmente os da Bolsa, já que os juros altos tornam os títulos do Tesouro americano não só um investimento seguro, mas também muito rentável. Se os juros baixarem, os investidores tenderão a tomar mais risco em busca de ganhos mais altos, o que pode favorecer a demanda de ações das empresas.

O mesmo vale para economias emergentes como o Brasil. Com juros mais baixos, o fluxo de capital estrangeiro para o país tende a aumentar com mais investidores dispostos a correr riscos para investir aqui. Por isso a saúde da economia americana importa tanto para investidores no mundo todo, inclusive no Brasil.

"A inflação está desacelerando de forma relativamente rápida. Os mercados de trabalho estão desacelerando, mas não tão rapidamente. O efeito líquido disso continuará a aumentar a renda real", afimrou Neil Dutta, chefe de economia da Renaissance Macro Research. "Não é uma economia que está funcionando em todos os cilindros, mas é uma economia que está funcionando em cilindros suficientes."

Mais um ano de crescimento sólido provavelmente consolidaria o "pouso suave" buscado pelas autoridades do Federal Reserve (banco central americano), por meio da qual suas ações de política levam a inflação à meta de 2% do banco central sem provocar uma desaceleração econômica.

O “pouso suave” é como o mercado desenha o controle da inflação pela alta de juros do Federal Reserve (Fed) sem que isso provoque uma recessão econômica.

No início de 2023, a maioria dos analistas considerava esse resultado improvável. Mas o rápido recuo da inflação nos últimos meses mudou a narrativa. De acordo com algumas medidas, ela já se estabeleceu perto da meta do Fed, e economistas como Dutta veem essa moderação nas pressões sobre os preços "atuando efetivamente como um corte de impostos para o consumidor" no início do novo ano.

Pesquisas sobre o sentimento das famílias sugerem que isso já está tendo um impacto, com os indicadores do Conference Board e da Universidade de Michigan melhorando no final do ano passado. A última leitura de Michigan mostrou que a confiança continuou a crescer no início de janeiro, atingindo o nível mais alto desde meados de 2021.

Esse otimismo crescente pode manter a economia no caminho certo para uma maior expansão, mesmo que não receba muita ajuda de outras fontes de crescimento, como investimento empresarial, construção de casas ou comércio exterior. E talvez isso não aconteça.

A fraca demanda externa deve manter a produção industrial sob controle, enquanto as taxas de juros um pouco mais baixas provavelmente darão apenas um impulso limitado ao setor imobiliário.

Embora a inflação mais baixa esteja começando a dar frutos, a força contínua do mercado de trabalho também será um componente essencial da perspectiva centrada no consumidor para 2024. Os pedidos semanais de seguro-desemprego continuam baixos, o que sugere que as empresas estão retendo funcionários. As contratações, entretanto, estão diminuindo.

"Essa é a pergunta de um trilhão de dólares: O que acontece com as folhas de pagamento? Você lê muitos relatórios dizendo que a taxa de contratação está diminuindo e que está cada vez mais difícil encontrar um emprego, mas os empregos ainda existem", disse Yelena Shulyatyeva, economista sênior do BNP Paribas nos EUA.

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