Economia

EUA lançam renegociação do Nafta com México e Canadá

Em sua campanha para as eleições de novembro, Trump ganhou votos ao denunciar o Nafta como o "pior acordo" já assinado pelos EUA

Trump: os governos canadense e mexicano pediram a Washington que renegociasse e modernizasse o pacto comercial, em vigor desde 1994, em vez de abandoná-lo (Yuri Gripas/Reuters)

Trump: os governos canadense e mexicano pediram a Washington que renegociasse e modernizasse o pacto comercial, em vigor desde 1994, em vez de abandoná-lo (Yuri Gripas/Reuters)

A

AFP

Publicado em 18 de maio de 2017 às 17h36.

Os Estados Unidos iniciaram nesta quinta-feira o processo de renegociação do Nafta, acordo de livre-comércio com México e Canadá considerado nefasto pelo presidente Donald Trump.

Negociado por George Bush pai e assinado em 1994 por Bill Clinton, o acordo formou uma das maiores áreas de livre-comércio do mundo e segundo os defensores estimulou o emprego e o investimento na América do Norte.

Em sua campanha para as eleições de novembro, Trump ganhou votos ao denunciar o Nafta como o "pior acordo" já assinado pelos Estados Unidos.

Trump afirmava que o Nafta tirou milhões de empregos dos americanos com a ida de várias companhias para o México, onde a mão de obra é mais barata.

Trump prometeu renegociá-lo rapidamente para que os Estados Unidos tire vantagens e ameaçou deixar o acordo caso não consiga um resultado satisfatório.

Seu governo começou nesta quinta-feira a dar passos formais para reabrir esse acordo, com 500 milhões de consumidores, ao informar ao Congresso que começará a discuti-lo com seus dois sócios.

As discussões com esses países "não vão começar antes de 16 de agosto de 2017", indicou em uma nota ao Congresso o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer.

Nos próximos 90 dias, Lighthizer dialogará com congressistas e interessados a fim de "alcançar um acordo que defenda os interesses dos trabalhadores, produtores e empresários dos Estados Unidos".

Lighthizer afirmou que a reforma do acordo comercial, que Trump em sua campanha prometeu abandonar, cumpre a promessa feita aos eleitores.

Os governos canadense e mexicano pediram a Washington que renegociasse e modernizasse o pacto comercial, em vigor desde 1994, em vez de abandoná-lo.

Na notificação formal ao Congresso, Lighthizer disse que o Nafta não acompanhou as mudanças na economia e nos negócios nos últimos 25 anos, incluindo o boom do comércio eletrônico.

"Muitos capítulos estão desatualizados e não refletem os padrões modernos", disse Lighthizer.

"Os Estados Unidos buscam apoiar os empregos mais bem remunerados nos Estados Unidos e impulsionar a economia americana melhorando as oportunidades dos EUA com o Nafta", disse.

México e Canadá

Após o anúncio, México e Canadá disseram estar dispostos a sentar para renegociar.

Os três países "merecem um instrumento moderno que regule sua relação comercial", disse a Secretaria de Economia do México em uma nota.

O México, cuja economia depende dos Estados Unidos, afirmou que "espera um processo de negociação construtivo, que permita aumentar a cooperação e a integração econômicas".

Desde que entrou em vigor em 1994, o Nafta aumentou em mais de 480% as exportações do México para os Estados Unidos, principalmente de produtos manufaturados.

O Canadá, por sua vez, também se declarou aberto à renegociação para que "toda a população canadense se beneficie", segundo a ministra das Relações Exteriores Chrystia Freeland.

Carros na mira

O secretário americano de Comércio, Wilbur Ross, disse que o Nafta "dizimou" a indústria americana e que inúmeros trabalhadores ficaram sem emprego. "O presidente Trump mudará isso", disse Ross nesta quinta-feira.

A Casa Branca tem na mira a indústria automobilística, que se aproveita das vantagens de produzir no México para fabricar ali veículos que depois vende nos Estados Unidos.

Após a vitória de Trump em novembro, gigantes do setor, como GM, Ford e FCA anunciaram investimentos nos Estados Unidos e a repatriação de linhas de produção.

Acompanhe tudo sobre:CanadáDonald TrumpEstados Unidos (EUA)MéxicoNafta

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor