Economia

Etanol de 2ª geração dribla problemas técnicos e é visto como competitivo

Depois de anos de investimento e falhas, biocombustíveis de 2ª geração são vistos como promissores por terem diversos tipos de biomassa como matéria-prima

Etanol: biocombustível celulósico no Brasil é feito principalmente a partir do bagaço e da palha da cana (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

Etanol: biocombustível celulósico no Brasil é feito principalmente a partir do bagaço e da palha da cana (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 26 de julho de 2018 às 19h41.

São Paulo - A produção de etanol de segunda geração está superando as dificuldades técnicas que retardaram o seu desenvolvimento e agora é vista como competitiva comercialmente, com os preços do petróleo perto dos 70 dólares o barril, disseram representantes da indústria nesta terça-feira.

Na medida em que diversos países pelo mundo se preparam para cumprir com os seus respectivos compromissos assumidos no acordo climático de Paris, o aumento global de regulações que favorecem bicombustíveis avançados e programas que taxam combustíveis a base de carbono estão criando um ambiente mais positivo, disseram executivos do setor de biocombustíveis no seminário "Forum Brasil Bioeconomia 2018" em São Paulo.

Depois de anos de investimento e falhas técnicas, os biocombustíveis de segunda geração, ou biocombustíveis celulósicos, são vistos como o futuro dos combustíveis verdes, já que eles podem ser feitos a partir de vários tipos de biomassa, superando críticas sobre o uso de alimentos para produzir combustível e reduzindo acentuadamente a emissão de carbono pelos veículos.

"A gente teve um momento de excitação grande uns 5, 6 anos atrás, depois veio um 'downsize', com players saindo da área, anunciando dificuldades enormes para operar planta de forma estável", disse Victor Uchoa, chefe de biorrefino na América Latina da empresa de biotecnologia Novozymes

"Mas esse tempo ficou para trás, estamos de novo num movimento de subida, a Raízen é excelente exemplo disso, mostrando em cenário nacional e internacional que pode ser feito e pode ser rentável", afirmou.

A Raízen, uma joint venture entre a Shell e a Cosan, está produzindo cerca de 40 milhões de litros de etanol celulósico por ano em sua usina em Piracicaba, no Estado de São Paulo.

"Nós resolvemos os problemas operacionais, a produção está estável atualmente e nós estamos atingindo os números planejados", disse Raphaella Gomes, chefe da divisão de inovação da Raízen, à Reuters nos bastidores do seminário.

A joint venture disse anteriormente que vende todo a sua produção de etanol de segunda geração a um prêmio de preços sobre o etanol regular, feito de cana-de-açúcar, em decorrência das suas credenciais ambientais.

O etanol celulósico no Brasil é feito principalmente a partir do bagaço e da palha da cana. A Novozymes forneceu enzimas usadas no processo de fermentação à Raízen, o que foi outro desafio tecnológico, já que a biomassa precisa de um novo tipo de fermentação para a produção de etanol.

Mauricio Adade, chefe da América Latina na DSM, uma empresa que fornece produtos para a fermentação de celulose, disse que em outros países --incluindo os Estados Unidos, onde o etanol de segunda geração é feito a partir de restos de milho-- a produção está muito perto de ser financeiramente viável.

"Com o petróleo a cerca de 70 dólares, nós podemos competir", ele disse.

Adade espera uma forte demanda de países asiáticos, como a China e a Índia, que estão procurando cortar drasticamente as emissões de carbono do setor de transporte.

 

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