Economia

Estratégia do Fed turva cenário de câmbio na América Latina

Incerteza sobre crescimento da economia norte-americana deve continuar a ser a principal preocupação do mercado de câmbio na América Latina nos próximos meses


	Câmbio: no Brasil, a incerteza sobre a trajetória dos juros fez o dólar subir para o maior nível em dois meses
 (Bruno Domingos/Reuters)

Câmbio: no Brasil, a incerteza sobre a trajetória dos juros fez o dólar subir para o maior nível em dois meses (Bruno Domingos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2014 às 11h12.

Brasília - A incerteza sobre a velocidade do crescimento da economia norte-americana deve continuar a ser a principal preocupação do mercado de câmbio na América Latina nos próximos meses, valorizando o dólar no Brasil, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta quarta-feira.

Sinais de que a recuperação da economia dos Estados Unidos poderia permitir que o Federal Reserve elevasse os juros antes do que o previsto fizeram o dólar subir no mundo inteiro no mês passado, já que a perspectiva de juros maiores aumenta o apetite dos investidores por ativos em dólares.

Na América Latina, isso se traduziu em uma alta de cerca de 3 por cento do dólar ante o peso mexicano e o real desde a metade de julho.

A alta contrariou a expectativa, sustentada já há muitos meses, de que a moeda brasileira teria desempenho mais fraco em relação ao peso por causa das melhores perspectivas para crescimento econômico e investimento estrangeiro no México.

As projeções de 33 estrategistas e analistas consultados pela Reuters mantiveram esse cenário intacto, com a mediana das expectativas apontando para uma alta de cerca de 7 por cento do dólar no Brasil nos próximos 12 meses, para 2,46 reais, e uma queda de cerca de 4 por cento do dólar no México, para 12,76.

Antes disso, no entanto, o destino das duas principais moedas da região deve ser definido pela estratégia do Federal Reserve para os juros norte-americanos, disseram vários participantes da pesquisa.

"O peso mexicano está sob pressão no curto prazo, principalmente por causa da visão do Fed de que um cenário de inflação muito baixa é menos provável agora", disse Luis Rodriguez, diretor de análise da Finamex. "Mas no médio prazo, é possível que o peso se valorize por causa do fluxo de capitais trazidos pelas reformas."

A expectativa dos mercados vinha sendo de que o Fed começaria a subir os juros no segundo semestre de 2015, mas muitos investidores já preveem que isso possa acontecer antes. A economia norte-americana cresceu 4 por cento no segundo trimestre, em taxa anualizada, acima do esperado.

No Brasil, a incerteza sobre a trajetória dos juros norte-americanos fez o dólar subir para o maior nível em dois meses mesmo com a contínua intervenção do Banco Central no mercado.

A eleição de outubro também deve influenciar o dólar, segundo analistas. Mas nesse caso, a intervenção do BC deve ser forte o bastante para evitar grandes oscilações na moeda, de acordo com os analistas Marcos Cazarin e Aryam Vazquez, da Oxford Economics.

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