Coronavírus Brasil (Victor Moriyama/Reuters)
Felipe Giacomelli
Publicado em 13 de março de 2020 às 21h55.
São Paulo — A pandemia do coronavírus varre o mundo e monopoliza as conversas e noticiários. Motivos não faltam. No Brasil, por exemplo, havia a suspeita (depois negada) de que o presidente Jair Bolsonaro tivesse sido infectado pela doença. O vírus também contribuiu para o presidente sugerir o cancelamento dos protestos contra o Congresso, marcados para este fim de semana, e para o adiamento de inúmeros eventos culturais.
Até o momento, o Ministério da Saúde confirma quase 100 casos do novo coronavírus no país, sem registrar mortes. Mas a própria pasta já afirmou que esse número deve aumentar. Segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, serão "20 semanas duras" para o Brasil.
Nesse período, a expectativa é que a Grande São Paulo tenha 45 mil casos da doença, de acordo com o infectologias David Uip, coordenador do comitê do combate à doença do governo do estado. A previsão é que serão necessários 11 mil leitos de UTI, número distante da realidade dos hospitais.
E, claro, desde o início da epidemia do novo coronavírus, o mercado financeiro foi bastante afetado. O dólar disparou e chegou a passar de 5 reais no início do pregão desta última quinta-feira. No mesmo dia, o Ibovespa mergulhou abaixo dos 70 mil pontos, mas vem se recuperando.
E não foi só a doença que influenciou no mercado nos últimos dias. Houve também o acirramento das tensões entre Congresso e governo em torno do orçamento impositivo e uma guerra de preços de petróleo entre Arábia Saudita e Rússia.
A EXAME preparou quatro gráficos que ajudam a mostrar como o coronavírus está afetando o mundo. Veja a seguir.
Enquanto a China enfrenta o novo coronavírus desde o começo de janeiro, no resto do mundo a epidemia só começou a ganhar forças nas últimas semanas. Pouco a pouco, o número de casos no exterior está se aproximando do que foi registrado na China, que conseguiu estabilizar a doença. Nesta quinta-feira, pela primeira vez, o país registrou um número de novos doentes de apenas um dígito.
Se observarmos como o número de casos do novo coronavírus aumentou em cada país desde o primeiro dia de contágio, poderemos ter uma ideia de como a pandemia evolui.
Em comum, os países do gráfico acima tiveram uma evolução exponencial no número de casos depois que o número de pacientes passou dos 100. Alguns, como a Coreia do Sul e mais tarde a própria China, conseguiram educar a população e propor medidas para evitar que o surto se alastrasse mais. Outros locais, como Irã e Itália, estão tendo mais dificuldades ao lidar com a doença.
Quanto ao Brasil, resta ver se as campanhas de educação e medidas colocados por governos estaduais, municipais e federal vão conseguir frear a expansão do novo coronavírus.
O dólar disparou desde o início da crise do coronavírus. Esse movimento começou a ficar nítido depois de 20 de janeiro, quando os EUA registraram o primeiro paciente infectado. Foi um dos primeiros casos fora da China e o início do alarme global.
Nesta quinta-feira, logo após o presidente americano, Donald Trump, anunciar a suspensão das viagens aéreas da Europa aos Estados Unidos, a cotação do dólar chegou a tocar os 5 reais. Mas arrefeceu depois com intervenções do Banco Central e anúncios de estímulos econômicos por parte de autoridades monetárias globais.
Se havia a expectativa de o principal índice da bolsa de valores decolar neste ano, a realidade nos últimos dias tem sido bastante diferente. No meio de uma tempestade perfeita, como os economistas gostam de dizer, com crise entre os três poderes no país, tensões entre Rússia e Arábia Saudita quanto à produção e ao preço do petróleo e avanço do Covid-19 tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, a bolsa chegou a perder os 70 mil pontos, embora tenha registrado alta de 14% nesta sexta-feira. Ainda assim, com base nos gráficos acima, é difícil dizer quando virá o alívio definitivo.