Economia

Estados miram adesão a plano de socorro financeiro do governo federal

Reformulado pelo Congresso e regulamentado na semana passada pelo governo, o novo regime tem agora duas fases para a efetiva adesão dos Estados

Vista geral de uma bandeira brasileira rasgada, próximo ao Palácio do Planalto em Brasília, Brasil, 8 de janeiro de 2021. (Adriano Machado/Reuters)

Vista geral de uma bandeira brasileira rasgada, próximo ao Palácio do Planalto em Brasília, Brasil, 8 de janeiro de 2021. (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2021 às 11h59.

Goiás e Rio de Janeiro são os mais avançados para aderir ao novo acordo de socorro do governo federal para o reequilíbrio das finanças dos Estados, segundo informou o Tesouro Nacional. O Rio Grande do Sul está logo atrás, na frente do governo de Minas Gerais, na negociação para o ingresso no chamado Regime de Recuperação Fiscal (RRF), programa com regras mais duras para os Estados com dívida elevada e pior situação financeira.

  • Assine a EXAME e acesse as notícias mais importantes em tempo real.

O Amapá e o Rio Grande do Norte tinham interesse, mas as tratativas não avançaram, informou o Tesouro. Já o governo mineiro ainda precisa de aprovação da Assembleia Legislativa do Estado.

Reformulado pelo Congresso e regulamentado na semana passada pelo governo, o novo regime tem agora duas fases para a efetiva adesão dos Estados. A primeira é iniciada com a aprovação do pedido de adesão ao programa. A segunda fase começa após a homologação pelo Ministério da Economia de um plano de recuperação, que contém metas e medidas que serão adotadas para o equilíbrio das contas públicas estaduais.

O novo programa tem prazo de nove anos, sem direito a prorrogação. O anterior permitia três anos, prorrogáveis pelo mesmo período. O Rio de Janeiro foi o único Estado que entrou no antigo regime, mas não conseguiu cumprir as metas assumidas e, agora, pede a prorrogação por mais nove anos.

Após a apresentação do pedido de adesão ao Tesouro, a Economia tem 30 dias para avaliar o cumprimento dos requisitos para entrada no plano.

Para permanecer no regime, os Estados devem se comprometer com medidas de ajuste como privatização ou desestatização de empresas ou concessão de serviços e ativos; adoção de regras previdenciárias para servidores idênticas às vigentes na União; e instituição de teto de gastos corrigido pela inflação, entre outras.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, informou ao Estadão que tem prevista reunião hoje, no Ministério da Economia, para discutir os próximos passos. Desde que assumiu o governo estadual, Caiado foi um dos mais interessados nas mudanças nas regras para permitir que Goiás pudesse aderir ao regime.

O Rio de Janeiro espera a publicação, nesta semana, de portaria do governo federal autorizando a entrada do Estado no programa. As negociações ficaram mais tranquilas com a saída do ex-governador Wilson Witzel, adversário político do presidente Jair Bolsonaro. O Rio calcula um alívio no caixa do Estado superior a R$ 4,5 bilhões só em 2021. O governo estadual terá até o final de maio para apresentar o plano, que precisará incluir a reforma da Previdência estadual.

Na semana passada, o Rio conseguiu no STF a suspensão do pagamento da dívida com a União. O ministro Dias Toffolli acolheu pedido da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para suspender o serviço da dívida até a efetiva entrada no novo regime.

Outros Estados em situação fiscal considerada difícil, como Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, não estão pagando as parcelas da dívida com base em decisões judiciais, após o fim do socorro a Estados e municípios concedido no ano passado para o enfrentamento da covid.

O secretário de Fazenda de Minas, Gustavo Barbosa, disse que o Estado tem intenção de entrar no novo regime. Segundo ele, já está pronta a modelagem do plano de recuperação, mas é preciso aprovar substitutivo pela Assembleia autorizando o pedido de adesão. "A expectativa é que seja ainda neste primeiro semestre a entrada no regime", afirmou ele.

Para o consultor da Câmara Ricardo Volpe, que trabalhou no grupo que por quase dois anos discutiu a proposta, a reformulação do programa traz uma oportunidade única para a recuperação das finanças estaduais. "Não adianta o governo central fazer o ajuste e os Estados ficarem desequilibrados porque, daqui a pouco tempo, os que não fizerem ajuste pedem ajuda", afirmou.

Já a pesquisadora da FGV Vilma Pinto disse ter dúvidas sobre a capacidade de as medidas garantirem a promoção do equilíbrio das finanças, sem repetir o caso do Rio, que não conseguiu cumprir as metas. Na avaliação da especialista, faltou na legislação punições mais efetivas em casos de descumprimento. "Se não cumprir, ele sai do regime e volta a pagar a dívida."

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraEstados brasileirosGoiásGoverno BolsonaroRio de Janeiro

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor