Economia

Engatou a primeira

Não é nenhum espetáculo de crescimento, mas pelo menos...

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h39.

Demorou, mas chegou. Finalmente, os primeiros sinais claros de retomada da economia desceram do mundo virtual dos discursos das autoridades e tocaram o mundo real dos negócios. Em setembro, a produção industrial cresceu 2,2% e a concessão de novas linhas de crédito ao consumidor aumentou 20%. Impulsionadas pelo acordo de redução do IPI, as vendas de automóveis e máquinas agrícolas subiram 22%. As vendas no comércio também dão indicações, ainda que tímidas, de reação.

Os números mostram que o clima para os negócios começa a ficar mais favorável. Passados meses de forte aperto monetário e conseqüente retração da economia -- no segundo trimestre do ano o PIB caiu 1,6% e a renda das famílias despencou 4% --, vê-se agora o movimento inverso: os juros estão em queda e a atividade está melhorando. Não se trata ainda do tal espetáculo do crescimento -- por enquanto, a economia está apenas ocupando parte da capacidade ociosa acumulada nos últimos meses. "Assim como foi exagero achar que o Brasil estava indo para o buraco no fim do ano passado, seria exagero falar agora em crescimento", diz Walter Schalka, presidente da Dixie-Toga, líder do setor de embalagens flexíveis, um dos primeiros a ser acionados pelas empresas num momento de recuperação. "Estamos somente no início do processo de retomada."

O que tem puxado a economia para cima? Os empresários são unânimes em afirmar que o principal motivo é o alívio monetário. "Somente com o juro mais baixo o consumidor pode voltar às compras", diz Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo siderúrgico Gerdau. O juro produz um efeito direto num tipo específico de compras: as feitas a prazo. Quando o governo reduz a taxa básica, as prestações do crediário se tornam menores e passam a caber no orçamento de muitos consumidores. Já as compras à vista dependem mais diretamente da renda do trabalhador, que despencou quase 15% nos últimos anos. Por isso mesmo, observa-se uma reação maior na venda de bens duráveis -- como automóveis -- e menor no consumo de produtos mais baratos.

Mesmo que a retomada ainda esteja restrita a alguns setores, o importante é que a economia começou a se movimentar. Como há ainda muitos produtos estocados nas empresas, ninguém vai pensar em aumento de produção antes de liquidá-los. É exatamente isso que começa a entrar no horizonte dos empresários. "Esperamos um Natal até 30% melhor do que o do ano passado", diz Eldo Moreno, superintendente da Colombo, a terceira maior rede de lojas de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis do país. "O volume de vendas ainda é baixo, especialmente da linha branca, mas o importante é que os sinais são de que o país não está parado." Se a previsão de Moreno em relação ao Natal se confirmar, a conseqüência será uma economia menos estocada no início de 2004. Com mais apetite, portanto, para voltar a crescer para valer.

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