Economia

Energia eólica atrai investidor mesmo com crise, diz Vestas

Com a menor demanda por eletricidade devido à crise, deverá haver mais movimentações de fusões e aquisições no setor de renováveis, disse o executivo

Energia eólica: o Brasil foi o oitavo maior mercado mundial da Vestas em 2016, segundo o executivo (Thinkstock/Thinkstock)

Energia eólica: o Brasil foi o oitavo maior mercado mundial da Vestas em 2016, segundo o executivo (Thinkstock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 19h07.

São Paulo- Os investidores seguem interessados em construir ou comprar usinas de energia eólica no Brasil mesmo em meio à maior recessão do país em décadas e após o cancelamento no final do ano passado de um leilão que contrataria novos projetos, disse à Reuters o presidente no país da fabricante dinamarquesa de equipamentos eólicos Vestas .

Com a menor demanda por eletricidade decorrente da crise, que levou o governo a cancelar o leilão agendado para dezembro, deverá haver mais movimentações de fusões e aquisições no setor de renováveis, como a compra no mês passado de um complexo eólico da Renova Energia pela AES Tietê, explicou Rogério Zampronha, que comanda a Vestas Brasil desde o final de 2015.

"Se você olhar o mercado de M&A (fusões e aquisições) está bastante ativo, deve ter mais anúncios nas próximas semanas, tem mais para acontecer... o mercado, apesar de não ter leilão, está super ativo", disse o executivo.

Ele afirmou que a Vestas chegou a conversar com diversos empreendedores antes do cancelamento do certame de dezembro e que havia um forte interesse de empresas em viabilizar novos projetos.

"Houve uma atividade intensa, intensa mesmo. Investidores brasileiros que conseguiram captar bastante dinheiro lá fora... estrangeiras também. Teve empresa que colocou 20 pessoas antes do leilão para deixar tudo pronto. Houve uma atividade frenética, como em todo leilão... não ia faltar investidor", disse Zampronha.

O Brasil foi o oitavo maior mercado mundial da Vestas em 2016, segundo o executivo, com 371 megawatts em turbinas vendidas, um número próximo dos cerca de 360 megawatts em 2015.

Ele estima que a Vestas tenha conquistado cerca de 41 por cento dos pedidos de turbinas fechados por investidores de usinas eólicas no Brasil em 2016.

"Nossa perspectiva média de market share em um mercado com seis fabricantes como temos aqui seria de um share um pouco menor que esse, 40 por cento é forte. Foi um ponto fora da curva, mas foi muito bom... mesmo em um ambiente complexo", disse.

Cenário desafiador

No curto prazo, o ambiente no Brasil deve seguir desafiador, devido à queda na demanda, mas os dinamarqueses estão confiantes quanto ao potencial de longo prazo para expansão das eólicas no país, onde essas usinas já competem em custos com as tradicionais hidrelétricas e são mais baratas que as demais fontes de energia.

Outra aposta da Vestas é no compromisso do Brasil com o Acordo de Paris, que prevê uma expansão da presença das renováveis na matriz elétrica --eólica, solar e biomassa-- de 10 por cento para 23 por cento até 2030.

"O Brasil tem o compromisso do Acordo de Paris... e muitas termelétricas terão contrato vencendo em 2020 e 2021. É uma oportunidade para trocar energia poluente por renovável. Isso me dá certeza de que o mercado, embora tenha sofrido agora, vai continuar seu caminho... o Brasil vai continuar sendo um ótimo mercado", disse.

Zampronha foi escolhido para chefiar o retorno da Vestas ao país, onde a empresa chegou a ter uma maior força no início dos anos 2000, antes de o governo começar a incentivar projetos eólicos a comprar produtos localmente.

Com a mudança na estratégia brasileira, a Vestas inaugurou no início de 2016 uma fábrica em Aquiraz, no Ceará, e passou a poder vender turbinas a clientes com os generosos financiamentos estatais do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Formado em economia pela Universidade de São Paulo e com MBA pela IMD Business School, na Suíça, Zampronha era presidente da Schneider Electric no Brasil antes da ida para a Vestas.

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