Economia

Empréstimo do BNDES a empresas menores sobe 200%

O ritmo da entrada de novos financiamentos no fundo está em torno de R$ 1 bilhão ao ano, mas há espaço para acelerar, segundo a instituição

Logo na sede do BNDES (Nacho Doce/Reuters)

Logo na sede do BNDES (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de julho de 2017 às 10h01.

RIO - Impulsionado por ajustes nas regras feitas no ano passado, o BNDES FGI, fundo garantidor para empresas de menor porte administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), registrou aumento de 200% no valor dos empréstimos garantidos nos cinco primeiros meses do ano, na comparação com igual período de 2016. O ritmo da entrada de novos financiamentos no fundo está em torno de R$ 1 bilhão ao ano, mas há espaço para acelerar, segundo a instituição.

O banco aposta em um novo ajuste, que pode ser adotado já em agosto, para dobrar esse valor para R$ 2 bilhões ao ano, disse o superintendente de Comércio Exterior e Fundos Garantidores, Leonardo Pereira.

A falta de garantias é um dos principais entraves para que as companhias de menor porte acessem financiamentos do BNDES. Mesmo nas linhas específicas, é comum uma pequena empresa não poder pedir o empréstimo porque não atende exigências, como uma garantia corporativa, ou não tem como arcar com o custo de uma fiança bancária.

Tanto que, até dezembro de 2016, 64,5% das 24.105 empresas que contrataram operações no BNDES com garantia do FGI nunca tinham tomado crédito no banco de fomento. Ou seja, a garantia do fundo foi necessária para viabilizar o primeiro financiamento. "É um dos indicadores que mostram a efetividade do FGI", disse Pereira.

Novas regras

No ano passado, o BNDES fez mudanças no FGI. Uma delas foi ampliar o limite do valor a ser garantido sem contragarantias, de R$ 1 milhão para R$ 3 milhões. Até esse valor de garantia, a empresa só precisa apresentar aval dos sócios. "É um valor bem adequado para financiamentos a empresas que faturam de R$ 15 milhões a R$ 40 milhões", afirmou Pereira.

Outra mudança foi a melhoria das condições nas garantias para empréstimos de outros bancos. Só em 2015, o FGI passou a aceitar financiamentos de bancos que não o BNDES. "Essa modalidade é recente, então ela ainda tem poucas operações. A grande maioria é com o BNDES", disse Fernando Mantese, chefe do Departamento de Política e Gestão de Instrumentos de Garantia do BNDES.

Essas mudanças, somadas a um crescimento na demanda nas operações indiretas, especialmente no Progeren (linha de capital de giro do BNDES), explicam o crescimento de 200% no FGI este ano, segundo os executivos. Em 2016, o valor dos financiamentos garantidos já havia saltado 31%.

Ainda assim, até o fim de maio, o FGI havia garantido só R$ 4,4 bilhões, de um total de R$ 6 bilhões em financiamentos realizados, menos da metade do máximo que o fundo pode garantir, que é R$ 10,9 bilhões. Ou seja, há espaço para crescer. Embora destaquem que o crescimento do FGI depende da maturação da carteira, os executivos do BNDES apostam em mais mudanças.

O foco agora é a rede de bancos repassadores do crédito do BNDES. No diagnóstico de Pereira, em parte, o FGI não é mais utilizado porque os agentes financeiros não oferecem o produto a seus clientes. Um dos motivos é que o FGI trabalha com parâmetros e regras de diligência e análise de risco diferentes dos bancos privados, segundo Mantese.

Por isso, a ideia é simplificar esses parâmetros, aproximando os sistemas do FGI das regras usadas pelos bancos repassadores. "O método que o banco usa na política de crédito e na renegociação vai poder ser reproduzido. Vamos convergir para a prática operacional da ponta, com a qual os bancos estão acostumados", disse Pereira, lembrando que a medida ainda depende de aval da diretoria. O executivo acha possível aprovar a mudança em agosto.

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