Economia

Empresas americanas aplaudem normalização com Cuba

Após os EUA reatarem as relações com Cuba, as empresas americanas que desejam investir na ilha aguardam mudança nas regulamentações, como o fim do embargo


	Bandeiras de Cuba (E) e Estados Unidos em Havana
 (Enrique De La Osa/Reuters)

Bandeiras de Cuba (E) e Estados Unidos em Havana (Enrique De La Osa/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2015 às 16h58.

Washington - Após o reatamento das relações diplomáticas com Cuba, as empresas americanas que desejam investir na ilha aguardam uma mudança nas regulamentações, especialmente o fim do embargo, o que não depende do governo dos Estados Unidos e por isso pode levar anos.

Nos últimos meses, depois do anúncio da normalização das relações, empresas como Netflix, MasterCard e Airbnb já anunciaram o início das operações em Cuba.

Além disso, quatro companhias de ferry do sul da Flórida já conseguiram a licença oficial para fazer a rota para Cuba (United Caribbean Lines Flórida, Havana Ferry Partner, Baja Ferries EUA e CubaKat), uma viagem de apenas 150 quilômetros que está proibida há mais de cinco décadas.

Na segunda-feira, após as cerimônias de reabertura das respectivas embaixadas em Washington e Havana, fechadas desde 1961, a companhia aérea United Airlines felicitou os dois governos e expressou sua intenção de "continuar o diálogo construtivo com ambas as autoridades para proporcionar aos nossos clientes um serviço entre as nações, sujeito à aprovação do governo".

Os empresários americanos não se cansam de apontar o potencial econômico de Cuba, o maior mercado do Caribe, com 11 milhões de pessoas e tremendas necessidades em áreas como agricultura, telecomunicações e infraestrutura.

O turismo na ilha caribenha é um dos setores que possui maior interesse empresarial, levando ainda em conta a grande diáspora cubana nos EUA, de cerca de dois milhões de pessoas.

Desde o anúncio de normalização das relações, a administração do presidente Barack Obama tomou uma série de medidas para flexibilizar as condições de viagem a Cuba, o envio de remessas e o fim de alguns obstáculos para as transações financeiras.

No entanto, e como assinalou Susan Segal, presidente do Council of the Americas, em uma conferência semana passada, "estamos só no princípio de um processo, e vai levar tempo".

Embora as necessidades de investimento sejam enormes em Cuba, o grande obstáculo é o embargo comercial dos EUA, em vigor há décadas e que não depende do governo, sua revogação é prerrogativa do Congresso, o que na prática significa que pode demorar anos.

Neste sentido, María Conchita Méndez, coordenadora da Autoridade Portuária de Mobile, no Alabama, para a América Latina, de onde são realizadas o comércio com os setores avícolas e madeireiro de Cuba, ressaltou à Agência Efe na cerimônia de abertura da embaixada caribenha em Washington a importância deste momento simbólico.

"Toda aproximação é um passo adiante. É preciso ver, como tudo na vida, o lado positivo. O embargo não faz sentido, foi feito por pessoas que nunca quiseram uma aproximação", assinalou Méndez ao destacar as oportunidades econômicas tanto para Cuba como para os Estados Unidos.

Já as grandes companhias americanas, como petrolíferas ou construtoras, deverão esperar ainda o fim da política de isolamento para poder atuar no mercado cubano.

Paralelamente, serão necessárias reformas no modelo econômico cubano, que continua sob um rígido controle governamental e com um complexo sistema cambial que distorce todas as operações.

"Tudo o que aconteceu em Cuba no setor privado até o momento foi em nível muito 'micro'", explicou Segal, ao comentar as permissões dados recentemente para que os cubanos possam desenvolver pequenas iniciativas privadas.

Carlos Gutiérrez, ex-secretário de Comércio dos EUA, apontou em uma conversa no Atlantic Council que é imprescindível a unificação cambial em Cuba, onde atualmente convivem duas moedas, o peso cubano e o conversível (CUC).

Outro elemento chave, de acordo com Gutiérrez, é a reintegração de Cuba aos organismos internacionais, como o Banco Mundial (BM), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

"Cuba não conheceu os benefícios do investimento de capital, das baixas taxas de juros, da assistência técnica, das questões que podem ter impacto significativo nas vidas dos cubanos", sustentou Gutiérrez.

Por último, neste complicado panorama, destacou o espinhoso caso das reivindicações de americanos sobre propriedades confiscadas pelo governo cubano na Revolução de 1959.

De acordo com um relatório do centro de estudos Brookings, de Washington, quase seis mil americanos já apresentaram reivindicações oficiais, que somam um valor "muito significativo", entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCubaDiplomaciaEstados Unidos (EUA)Países ricos

Mais de Economia

Plano Real, 30 anos: Gustavo Loyola e as reformas necessárias para o Brasil crescer

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Mais na Exame