Economia

Empresários pressionam Obama sobre sanções de Brasil e México

Washington - Grupos empresariais dos Estados Unidos criticaram na terça-feira o governo de Barack Obama por não conseguir resolver disputas comerciais que levam México e Brasil e imporem sanções comerciais aos produtos norte-americanos.   No caso do México, a disputa envolve o tráfego de caminhões na fronteira e há quase um ano já resulta em […]

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2010 às 17h43.

Washington - Grupos empresariais dos Estados Unidos criticaram na terça-feira o governo de Barack Obama por não conseguir resolver disputas comerciais que levam México e Brasil e imporem sanções comerciais aos produtos norte-americanos.

No caso do México, a disputa envolve o tráfego de caminhões na fronteira e há quase um ano já resulta em sanções no valor de 2,4 bilhões de dólares. Já o Brasil divulgou na segunda-feira uma lista de produtos envolvidos numa retaliação de 591 milhões de dólares, autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), por causa de subsídios ao algodão e a um programa de apoio a exportações dos EUA.

"Pelo bem dos trabalhadores e agricultores norte-americanos, não podemos permitir que surja um padrão no qual a inação de Washington a respeito do comércio coloque empregos em risco", disse John Murphy, vice-presidente de políticas internacionais da Câmara de Comércio dos EUA.

Os EUA aceitaram abrir seu mercado a caminhões mexicanos como parte do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), mas o sindicato de caminhoneiros dos EUA e muitos apoiadores seus no Congresso lutam contra a implementação da medida.

Há um ano, o Congresso votou pelo cancelamento de um programa-piloto transfronteiriço, iniciado no governo de George W. Bush, que permitia que caminhões mexicanos de longo curso circulassem nos EUA.

A medida enfureceu o México, que retaliou impondo tarifas a produtos norte-americanos como frutas, legumes e bens industriais, no valor de 2,4 bilhões de dólares.

Um estudo da Câmara de Comércio dos EUA estima que as tarifas possam causar a perda de 25 mil empregos norte-americanos.

John Keeling, vice-presidente-executivo do Conselho Nacional da Batata, disse a jornalistas que seria "facílimo" para produtores canadenses de batata frita ocuparem o lugar do produto norte-americano no México.

"De abril a dezembro, as exportações dos EUA de batatas congeladas processadas caíram 50 por cento em termos de valor, e ao mesmo tempo as exportações canadenses subiram numa quantidade quase idêntica", disse Keeling.

"Vamos ver nas batatas a perda dos outros 50 por cento da nossa parcela de mercado nos próximos dez meses se nada for feito", disse Keeling.

Na semana passada, o secretário de Transportes dos EUA, Roy LaHood, disse a parlamentares que o governo está "finalizando um plano" para resolver a disputa dos caminhões.

Já na disputa envolvendo o Brasil, o governo Lula divulgou nesta semana uma lista de 102 produtos que devem ser atingidos por sanções a partir de abril, por causa da manutenção dos subsídios ao algodão dos EUA, já condenados pela Organização Mundial do Comércio. É um dos raros casos em que a OMC autoriza sanções contra produtos de outros setores, a chamada retaliação cruzada.

Por essa lista, a tarifa sobre a importação de veículos dos EUA subirá de 35 para 50 por cento; a tarifa do trigo passa de 10 para 30 por cento; o leite em pó, de 28 para 48 por cento. A única tarifa de 100 por cento será a do próprio algodão importado dos EUA.

Produtores canadenses de trigo disseram na terça-feira que esperam ganhos nas suas exportações por causa da disputa, enquanto as Associações do Trigo dos EUA pediram ao governo Obama que negocie uma solução com o Brasil.

O governo brasileiro deve divulgar até dia 23 outra lista com mais 238 milhões de dólares anuais em retaliações cruzadas. Essa lista deve conter itens relativos a propriedade intelectual e serviços, segundo autoridades brasileiras.

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