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Emergentes desafiam Trump e Kim e têm melhor ano desde 2009

Moedas e ações de empresas de países em desenvolvimento estão prestes a registrar seus maiores ganhos em oito anos

O presidente chinês, XI Jinping, e o presidente americano, Donald Trump, em encontro em Beijing (Qilai Shen/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 16h40.

Última atualização em 13 de dezembro de 2017 às 17h35.

2017 vai ser lembrado como o ano em que políticas monetárias flexíveis e a retomada do crescimento global se juntaram para produzir taxas de retorno espetaculares nos mercados emergentes .

Moedas e ações de empresas de países em desenvolvimento estão prestes a registrar seus maiores ganhos em oito anos. Até os mercados mais arriscados ignoraram crises e ameaças e recompensaram investidores.

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Os títulos também tiveram bom desempenho. Com o ambiente monetário flexível, as dívidas de países emergentes denominadas em moeda local produziram o maior retorno desde 2012.

Das manobras da Coreia do Norte com mísseis nucleares ao calote da Venezuela, o ano que começou com temores provocados pela retórica protecionista do presidente americano, Donald Trump, foi cheio de acontecimentos nos mercados em desenvolvimento.

No entanto, os investidores quiseram enxergar além dos problemas e se concentraram nos aspectos positivos. O panorama de crescimento firme rebateu os choques.

Não se sabe se essa resistência vai persistir em 2018, diante do aperto monetário adicional nos EUA e de tantos riscos políticos ainda no horizonte.

Listamos abaixo alguns dos principais acontecimentos nos emergentes em 2017 e a perspectiva para 2018:

China: O ano de Xi

A campanha de desalavancagem encabeçada pelo presidente Xi Jinping – que consolidou sua posição como líder mais forte do país em décadas, após o 19º Congresso do Partido Comunista, em outubro – influenciou o sentimento dos mercados durante todo o ano.

Os esforços para diminuir os níveis de endividamento e lidar com riscos sistêmicos foram intensificados recentemente e devem impactar ainda mais os preços dos ativos no ano que vem.

Península Coreana

O “Homem Foguete” – ou “Rocket Man”, como Trump se refere ao líder norte-coreano Kim Jong Un – preocupou o mundo com mais de uma dezena de testes com mísseis nucleares em 2017. As decisões de Kim desencadearam trocas de acusações com o presidente americano, que expressa falta de paciência com o regime que insiste em um programa de armas nucleares, apesar das sanções globais. Pyongyang agora afirma que sua força nuclear está completa e a tensão deve continuar em 2018, à medida que o país tenta abrir vias de diálogo.

Rússia: O peso das sanções

Embora os rendimentos dos títulos de referência se mantenham perto dos menores níveis desde maio, a ameaça de novas sanções contra a Rússia preocupa os mercados de dívida. O Tesouro dos EUA está elaborando um relatório sobre o potencial impacto de uma extensão das penalidades aos títulos soberanos denominados em rublos. Os mercados se abalaram quando os EUA tornaram mais rígidas as sanções já em vigor contra Moscou.

Na América Latina, 2017 teve altos e baixos. Muitas das ameaças de Trump não se concretizaram, mas o calote pela Venezuela reverberou pelos mercados emergentes:

Brasil: Foco nas eleições

Junto com as evidências de recuperação da atividade econômica, os esforços do presidente Michel Temer para reduzir o déficit nas contas públicas embalaram o Ibovespa, que bateu novos recordes. Após a implementação da reforma trabalhista, Temer tenta obter apoio para aprovar a reforma da previdência. As incertezas em relação às eleições do ano que vem devem provocar oscilações nos mercados, dado que os candidatos preferidos dos investidores estão atrás nas pesquisas de intenção de voto.

México: Trump e Nafta

As ameaças comerciais de Trump não passaram disso no primeiro semestre de 2017. Os investidores então começaram a enxergar risco menor de desmantelamento do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e o peso mexicano disparou. A moeda ainda está entre as 10 de maior ganho no ano, mas recuou diante dos temores de vitória populista nas eleições presidenciais de 2018. O Nafta está sendo rediscutido nesta semana em Washington. O Goldman Sachs Group entende que o mais provável é a saída dos EUA.

Venezuela: Desastre nas dívidas

Após meses de protestos e instabilidade, a decisão do governo de reestruturar as dívidas provocou quedas intensas nos títulos soberanos e títulos emitidos pela Petróleos de Venezuela SA (PDVSA) no início de novembro. A resolução será difícil porque sanções dos EUA impedem que os investidores interajam com algumas autoridades ou comprem novas dívidas. A moeda local está em queda livre e o presidente Nicolás Maduro chegou a ventilar a ideia de criar uma moeda virtual respaldada por reservas petrolíferas (o “Petro”) para furar o bloqueio financeiro.

Argentina: Redenção

Os ativos argentinos voltaram com força neste ano com as medidas do presidente Mauricio Macri para reduzir o déficit público. Ele prometeu reverter algumas das políticas protecionistas do governo anterior e planeja reformar os sistemas tributário e previdenciário.

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