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Em meio à crise da água, Witzel dá detalhes sobre a concessão da Cedae

Pelo modelo proposto, empresa estadual vai vender a água tratada para as concessionárias, que farão a distribuição nos 13 municípios da Região Metropolitana

Wilson Witzel: se reuniu nesta sexta-feira com representantes do BNDES para definir pontos da concessão da Cedae (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Wilson Witzel: se reuniu nesta sexta-feira com representantes do BNDES para definir pontos da concessão da Cedae (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 18h17.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h02.

Em meio à crise gerada pelas reclamações quanto ao fornecimento de água no Rio de Janeiro, o governador, Wilson Witzel, anunciou hoje (17) detalhes sobre como pretende conceder a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) à iniciativa privada.

O serviço prestado pela empresa vem sofrendo críticas pelas alterações de odor e paladar causadas pela presença da substância geosmina na água, e o diretor de Saneamento e Grande Operação da companhia, Marcos Chimelli, foi exonerado nesta sexta-feira. O problema passou a ser investigado pela Polícia Civil, que ouviu hoje funcionários da Cedae na Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados.

O governador levantou a hipótese de a falha ter sido em razão de interesses contrários ao próprio leilão de concessão. "Por isso, a Polícia Civil está investigando", disse Witzel por meio de nota.

Em comunicado à imprensa, o governo do estado informou que Witzel se reuniu nesta sexta-feira com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Palácio Guanabara, sede do governo do estado, e discutiu medidas e prazos para a concessão, que deve ser feita ainda este ano.

Também participaram do encontro o presidente da Cedae, Hélio Cabral, os secretários da Casa Civil e Governança, André Moura, da Fazenda, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, e o procurador-geral do Estado, Marcelo Lopes.

A forma de concessão proposta pelo BNDES ainda precisa ser aprovada pela Câmara Metropolitana e por prefeituras do interior do estado, com as quais o governador deve se reunir nos próximos dias. Já o banco começará em fevereiro uma rodada de visitas a investidores no exterior para atrair potenciais interessados.

Concessão em blocos

Pelo modelo, a Cedae continuará responsável pela produção de água nos sistemas Guandu, Imunana-Laranjal e Lajes. A empresa estadual vai vender a água tratada para as concessionárias, que farão a distribuição nos 13 municípios da Região Metropolitana do Rio. Os demais sistemas de captação e tratamento de água serão operados diretamente pelas empresas privadas.

As futuras concessionárias devem fazer investimentos de R$ 32 bilhões ao assumir por 35 anos os quatro blocos em que serão divididos os 64 municípios atendidos pela Cedae. Cada bloco também terá uma parte do fornecimento de água na capital.

Os contratos vão exigir que as concessionárias levem 100% de abastecimento de água e 90% de esgotamento sanitário a suas regiões nos primeiros 20 anos de prestação de serviço. Para tal, serão necessários R$ 11,9 bilhões de investimentos em água e R$ 20,7 bilhões em esgoto.

Gosto de terra

Desde o início do ano, moradores da região metropolitana do Rio vêm reclamando da qualidade da água distribuída pela companhia, que já identificou que o problema é causado pela presença de geosmina. A substância produzida por algas não traz prejuízos à saúde, mas altera o gosto e o cheiro da água, que ficam semelhantes aos de terra. Para resolver o problema, a Cedae está se preparando para usar carvão ativado na Estação do Tratamento de Água (ETA) Guandu na semana que vem.

Moradores também têm postado fotos e reclamado de água turva, mas, em uma entrevista coletiva à imprensa, o presidente da companhia, Hélio Cabral, atribuiu o problema à falta de limpeza das caixas d'água dos usuários.

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