Eletrobras vê como positiva proposta de privatizar hidrelétricas
O governo quer privatizar hidrelétricas antigas da companhia, que operam em um chamado "regime de cotas", com tarifas baixas
Reuters
Publicado em 28 de julho de 2017 às 10h02.
Rio de Janeiro - O presidente da estatal Eletrobras , Wilson Ferreira Jr., disse que a proposta do governo federal de permitir privatizações de hidrelétricas antigas da companhia, que operam em um chamado "regime de cotas", com tarifas baixas, é positiva para a companhia e pode gerar ganhos também para o consumidor.
A medida consta de propostas para uma reforma que o governo pretende promover no setor elétrico entre o segundo semestre e o início de 2018, e segundo Ferreira a Eletrobras começa a avaliar o assunto ainda nesta sexta-feira, em reunião do Conselho de Administração.
O executivo disse que a venda dos ativos é uma alternativa favorável, principalmente dado que a Eletrobras hoje tem custos de em média 40 reais por megawatt-hora para operar essas usinas, enquanto o "regime de cotas" prevê o repasse da produção de energia às distribuidoras por preços entre 30 e 40 reais por megawatt-hora.
Pela proposta do governo, após a privatização a energia das hidrelétricas poderá ser vendida pelos novos donos dos ativos a preços de mercado, bem mais elevados, na casa dos 200 reais por megawatt-hora, em um processo que vem sendo chamado de "descotização".
"Sou favorável porque a descotização pode trazer um benefício ao consumidor e para nós...é positivo porque temos cotas com custo operacional superior à receita com essas cotas. Passamos a ter uma opção nova", disse Ferreira, após participar de evento na Fundação Getulio Vargas na noite de quinta-feira.
A Eletrobras ficaria com um terço dos ganhos com as vendas, enquanto Tesouro e consumidores de energia dividiriam o resto dos recursos, pela proposta do Ministério de Minas e Energia, que ainda está em discussão com a equipe econômica.
Mas membros do governo já admitiram que pode haver ainda um repasse maior de recursos ao Tesouro, eventualmente com o compromisso de uma posterior capitalização da Eletrobras.
Segundo o presidente da estatal, ainda é prematuro apontar quais usinas poderiam ser descotizadas e eventualmente privatizadas no futuro, mas ele ressaltou que a lista de ativos elegíveis ao processo envolve mais de 20 usinas com capacidade de cerca de 14 mil megawatts.
O executivo afirmou ainda que a venda dos ativos pode ser importante para que a Eletrobras cumpra sua meta de operar em 2018 com custos iguais à receita.
"A descotização pode trazer um valor positivo à companhia, vamos avaliar", disse.
Atraso nas distribuidoras
O presidente da Eletrobras disse ainda que a estatal começará na próxima segunda-feira uma discussão mais aprofundada com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre o modelo para a venda de suas distribuidoras de energia que atuam no Norte e Nordeste, e que a companhia prevê privatizar ainda neste ano.
Ele admitiu, no entanto, que as discussões com o banco estatal, que vai apoiar os processos de privatização, deveriam ter começado ainda no início de julho.
Ainda assim, o executivo garante que o leve atraso no cronograma não vai impedir a estatal de cumprir sua meta de vender todas as distribuidoras ainda em 2017.
"A primeira reunião para falar da modelagem e do valuation deveria ter sido no comecinho de julho, mas vai acontecer só na segunda feira. O plano básico de venda era novembro, mas dezembro ainda é 2017. Não vai ficar para o ano que vem, não", afirmou Ferreira.
As distribuidoras da Eletrobras são fortemente deficitárias e operam no Acre, Alagoas, Amazonas, Rondônia, Roraima e Piauí.