Economia

Eletrobras recebeu cerca de R$ 500 mi para quitar dívida

No mês passado, a Amazonas Energia deu um calote na Petrobras, deixando de pagar uma das mensalidades previstas em negociação de dívida firmada em 2014


	Eletrobras: no mês passado, a Amazonas Energia deu um calote na Petrobras, deixando de pagar uma das mensalidades previstas em negociação de dívida firmada em 2014
 (Divulgação)

Eletrobras: no mês passado, a Amazonas Energia deu um calote na Petrobras, deixando de pagar uma das mensalidades previstas em negociação de dívida firmada em 2014 (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2016 às 20h00.

São Paulo - A Eletrobras recebeu cerca de R$ 500 milhões do fundo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para quitar uma dívida de sua subsidiária Amazonas Energia, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino.

Com isso, a Petrobras está retornando o fornecimento, disse. "Está em fase de reestabelecimento", comentou. A Eletrobras confirmou a informação. "O valor foi transferido a título de pagamento do direito de ressarcimento da Amazonas Distribuidora, que é um crédito previsto na Lei nº 12.111/09".

Na última segunda-feira, a Eletrobras informou ao mercado que a estatal e a sua subsidiária Amazonas Energia deveriam efetuar o pagamento de cerca de R$ 433 milhões das dívidas que a companhia tem com a Petrobras e que estava negociando a retomada de repasses de recursos da CDE para fazer os pagamentos.

O comunicado foi feito depois que a Petrobras decidiu cortar o fornecimento de gás para a Amazonas Energia, responsável pelo abastecimento de todo o Estado.

A decisão da estatal de petróleo, conforme apurou o jornal "O Estado de S.Paulo" com uma fonte do governo, foi tomada após sucessivas tentativas de chegar a um acordo com a Eletrobras sobre o pagamento da dívida.

No mês passado, a Amazonas Energia deu um calote na Petrobras, deixando de pagar uma das mensalidades previstas em negociação de dívida firmada em dezembro de 2014.

Pelo acordo, a Amazonas Energia assumiu o pagamento de uma dívida de cerca de R$ 3,5 bilhões, que seria quitada em 120 parcelas. No último mês, porém, a empresa deixou de saldar a conta.

Para complicar a situação, após a renegociação desta dívida até 2014, a Amazonas Energia passou a acumular novos passivos com a Petrobras, uma conta extra que, segundo apurou a reportagem, hoje supera R$ 2 bilhões.

Em maio, Petrobras e Eletrobras tentaram chegar a um acordo, mas a negociação não avançou. A Petrobras notificou a Amazonas, dando prazo de 30 dias para que se achasse uma solução. Não se chegou a nenhum acordo.

No comunicado ao mercado, a elétrica disse que continua negociando novos acordos com seus fornecedores de combustíveis, especialmente a Petrobras, a BR Distribuidora e a Companhia de Gás do Amazonas (Cigas), para dívidas feitas a partir de dezembro de 2014, com o objetivo de evitar a interrupção do fornecimento de combustível e consequente corte no sistema elétrico de Manaus.

De acordo com Rufino, nesta negociação de dívida mais recente, a pendência está relacionada à garantia e contra-garantia, que precisaria ser dada pela Aneel, validando o fluxo de recursos relacionado à CDE a que Eletrobras teria direito.

"É um pleito que está em análise na Aneel", disse o diretor, ao comentar que a estatal apresentou à agência um recurso, ainda não julgado, defendendo um aumento do valor da CDE a que tem direito, porque alguns créditos não foram considerados nos montantes fixados para 2016.

Os problemas com dívidas relacionadas ao pagamento de combustíveis não estão restritos à Amazonas Energia, mas atingem outras distribuidoras do Norte do País.

Recentemente, a Lei nº 13.299, derivada da Medida Provisória 706/2015, e a MP 735, buscaram soluções para a questão. A MP, que ainda está em discussão no Congresso, fixa em até R$ 3,5 bilhões o repasse de recursos da União às distribuidoras para bancar despesas com combustíveis, o montante, no entanto, é muito inferior às dividas que a estatal possui.

De acordo com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, a solução para o problema da Eletrobras "vai ter um cardápio de soluções".

"Parte, no que a Aneel reconhecer, é o consumidor do Brasil inteiro que vai pagar, parte o Tesouro disse que fará a parte dele, e eventualmente parte o consumidor local paga ou as empresas - vendedora e compradora de gás - vão ter de absorver isso nos seus balanços, é da vida", disse.

Acompanhe tudo sobre:AmazonasAneelCapitalização da PetrobrasCombustíveisEletrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEnergiaEnergia elétricaEstatais brasileirasHoldingsIndústria do petróleoPetrobrasPetróleoServiços

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor