
Homem caminha diante de torres em Xangai, na China: país esta no centro das preocupações globais (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg/)
São Paulo - Commodities, China e bancos centrais.
De acordo com a firma de investimentos PIMCO, são estes os três "C"s que definirão a economia global em 2016 (em inglês, "central banks" começa com C).
O diagnóstico geral é que "não é hora para desespero". A expansão americana não vai morrer de velhice e não há nenhum dos sinais típicos de colapso, como excesso de consumo ou de investimento.
Mas a desaceleração global é real e está em curso, com previsão de crescimento entre 2% e 2,5% em 2016 após 2,8% em 2014 e 2,6% em 2015.
"Dependendo dos diferentes caminhos para os 3 'C's, dá para imaginar tons mais brilhantes ou mais sombrios para os resultados da economia e do mercado neste ano em relação ao cenário-base", diz o relatório.
Bancos centrais
Uma dúvida central é até que ponto a política monetária ainda pode estimular a economia e sustentar os preços dos ativos.
Depois da crise de 2008, os bancos centrais derrubaram os juros e fizeram imensos programas de expansão monetária. Uma depressão global foi evitada, mas a inflação nunca voltou para a meta e o crescimento continuou decepcionando.
A dúvida agora não é sobre a disposição dos bancos centrais de reagir, e sim sobre qual arsenal sobrou e se ele funcionaria. Japão e países europeus tem apostado nos juros negativos, uma "inovação" polêmica e de resultados incertos.
"Os bancos centrais já não podem mais transformar 'água em vinho'", resumiu um relatório recente do Bank of America Merril Lynch.
Em dezembro, a previsão era de que o Federal Reserve americano faria 4 altas de juros em 2016. Agora, a PIMCO espera apenas uma ou duas altas ao longo do ano.
China
Uma boa parte da volatilidade dos mercados neste início de 2016 tem como raiz o medo de que a China esteja diante de uma desaceleração brusca que derrubaria a demanda global.
Do lado financeiro, a China está diante da impossibilidade de manter para sempre uma conta de capitais aberta, uma taxa de câmbio fixa e uma política monetária independente.
De acordo com os participantes do fórum da PIMCO, "uma grande e disruptiva desvalorização do iuane chinês é de longe o maior risco individual para as economias e os mercados globais".
As reservas do país continuam as maiores do mundo, mas perderam meio trilhão de dólares só em 2015 e estão no seu nível mais baixo desde 2011. Até que ponto elas continuarão sangrando é a grande pergunta do momento.
Commodities
Nos anos de alta, os preços das commodities foram um impulso e tanto para economias de vários emergentes como o Brasil. Quando começaram a cair, as consequências foram duras.
As empresas brasileiras ligadas a commodities listadas no Ibovespa registraram em 2015 as piores baixas de sua história, com prejuízo de R$ 91,3 bilhões, segundo a Economática.
Recentemente, os preços ensaiaram uma alta, mas não se sabe até onde ela vai. No caso do petróleo, a previsão da PIMCO é que oferta e demanda devem se reequilibrar e levar o barril para US$ 50 ao longo do ano.
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