Economia

É natural reação das indústrias, ninguém quer tributo, diz Temer

Para o presidente, a resposta da Fiesp em voltar a expor o pato amarelo inflável, depois do anúncio aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis, é justificável

Temer: rechaçou a possibilidade de a postura da classe empresarial ter alguma reação política, afetando a sua base de apoio (Marcos Brindicci/Reuters)

Temer: rechaçou a possibilidade de a postura da classe empresarial ter alguma reação política, afetando a sua base de apoio (Marcos Brindicci/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de julho de 2017 às 14h32.

Última atualização em 21 de julho de 2017 às 15h36.

Mendoza - Um dia depois de anunciar aumento de PIS/Cofins sobre combustíveis e de afirmar que a população compreenderia a elevação da carga tributária, o presidente Michel Temer disse que entende a reação negativa das indústrias e que "aos poucos todos compreenderão, a Fiesp inclusive".

"É natural (haver) essas relativas incompreensões. A Fiesp sempre fez uma campanha muito adequada contra o tributo", destacou, em rápida entrevista após a foto oficial da 50ª Cúpula do Mercosul, evento que ocorre em Mendoza, na Argentina.

Nesta sexta, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) voltou a expor o pato amarelo inflável, um dos principais símbolos de manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), em sua sede em São Paulo, na Avenida Paulista.

Na véspera, o presidente da entidade, Paulo Skaf, se disse "indignado" com a medida, e avaliou que a elevação de tributos deve agravar a crise num momento em que a economia dá sinais de recuperação.

Temer rechaçou a possibilidade de a postura da classe empresarial ter alguma reação política, afetando a sua base de apoio.

"Nenhuma, é natural reação econômica, ninguém quer tributo, mas quando todos compreenderem que é fundamental para incentivar o crescimento, manter a meta fiscal, para dar estabilidade ao País e para não enganar, não produzir nenhum ato governativo que seja enganoso ou fantasioso, para o povo, esta matéria logo será superada", disse.

Questionado se a elevação de PIS/Cofins seria suficiente para manter o ajuste ou se o governo pode anunciar mais elevação da carga tributária, Temer afirmou que "não há previsão" de novos aumentos de impostos.

"Por enquanto, estamos atentos, a equipe econômica está atenta a isso apenas para esse aumento. Não sei se haverá necessidade ou não, mas naturalmente haverá diálogo e observações sobre isso", afirmou.

Temer voltou a dizer que quando assumiu o governo havia a expectativa da recriação da CPMF e ele conseguiu não reeditar o tributo. "Vocês se recordam quando eu cheguei nós estávamos com o signo da CPMF, todos achavam que nós iríamos restabelecer a CPMF, não o fizemos durante mais de 14, 15 meses", afirmou.

"E agora exata e precisamente para manter o crescimento, para incentivar o crescimento, para manter a meta fiscal foi indispensável que fizéssemos o aumento relativamente a PIS/Cofins apenas ao combustível", completou.

O presidente salientou que o aumento anunciado nesta quinta-feira, 20, não é geral e apenas para o setor de combustível. "A CPMF seria algo que apanharia todos os depositantes de bancos e eu compreendo a reação da Fiesp, reação mais do que razoável", reforçou.

Acompanhe tudo sobre:CPMFFiespImpostosMichel Temer

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor