Economia

Doria negocia leilão da Rio-Santos e do Ferroanel

Sem recursos para investimentos, os governos federal e estadual têm pressa e querem colocar licitações na rua o mais rápido possível

João Doria: governador de São Paulo deve passar à iniciativa privada rodovia Rio-Santos (Nelson Antoine/Folhapress)

João Doria: governador de São Paulo deve passar à iniciativa privada rodovia Rio-Santos (Nelson Antoine/Folhapress)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de janeiro de 2019 às 07h34.

Brasília - Sem recursos públicos disponíveis para investimentos, as novas equipes dos governos federal e de São Paulo correm para passar à iniciativa privada projetos no Estado. Na quinta, 10, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, discutiram, em reunião em Brasília, formas de viabilizar a construção do Ferroanel, a concessão da Rodovia Rio-Santos (BR-101) e o projeto do trem de passageiros Intercidades.

"Os projetos serão feitos a quatro mãos, com recursos da iniciativa privada", disse o ministro, após o encontro. Segundo Doria, na quinta mesmo foi montado um cronograma "acelerado" para tirar os projetos do papel, com a criação de grupos de trabalhos específicos e previsão de novas reuniões ainda em janeiro.

Os dois lados têm pressa e querem colocar licitações na rua o mais rápido possível. A ideia é aproveitar estudos e soluções que já vinham sendo feitos nos governos anteriores, como a construção do Ferroanel pela MRS em contrapartida à renovação antecipada de contratos da concessionária.

Depois de se reunir com o ministro, Doria encontrou o presidente Jair Bolsonaro acompanhado de três de seus secretários, ex-ministros do governo de Michel Temer: Antônio Imbassahy, Alexandre Baldy e Henrique Meirelles, que disputou a eleição à Presidência.

Na reunião com Bolsonaro, o governador discutiu o projeto de privatização da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e a mudança de endereço do maior entreposto de frutas e verduras da América Latina, atualmente na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. A nova área que será ocupada não foi divulgada por Doria, mas ele disse que Bolsonaro foi "muito positivo e o assunto deve avançar". O endereço atual concentra uma grande quantidade de caminhões e dificulta o acesso da população à região. Com o crescimento do local, os congestionamentos frequentemente se estendem até as marginais.

O Ceasa foi construído pelo governo do Estado de São Paulo na década de 60 em um terreno do governo federal. Na década de 90, o espaço passou a ser administrado pela União.

No entanto, uma parceria entre União, Estado e município de São Paulo será responsável pela mudança do Ceagesp da Vila Leopoldina já que a competência pela gestão da logística de abastecimento e distribuição de alimentos é das três esferas do poder público.

Eles também falaram sobre o projeto de um parque, administrado pela iniciativa privada, na área hoje ocupada pelo Aeroporto do Campo de Marte e do museu aeroespacial. Doria destacou que a pista de pouso e decolagem será mantida mesmo sem utilização.

Recursos

Discutida há anos, a construção de trecho do Ferroanel é orçada em R$ 5 bilhões, de acordo com os últimos estudos, e será feita como contrapartida à renovação antecipada, por mais 30 anos, de diversos contratos da operadora MRS.

Ainda no governo Temer foi anunciado que a MRS construiria 53 quilômetros da ferrovia, entre as estações de Perus, em São Paulo (SP), e de Manoel Feio, em Itaquaquecetuba (SP).

Já a Rio-Santos (BR-101) será concedida dentro do pacote de concessão das rodovias hoje com a CCR Nova Dutra, cujo contrato vence em 2021. A ideia é usar o pacote para conseguir investimentos para a Rio-Santos como contrapartida à concessão da movimentada Dutra.

"É uma rodovia muito importante para o turismo, não faz sentido que uma rodovia dessa importância não esteja concedida e operada pelo setor privado", completou Doria.

No caso do trem Intercidades, o ministro informou que será uma licitação privada para que o transporte de passageiros possa ser feito com o compartilhamento de linhas que já existem no transporte de cargas. Segundo Freitas, o transporte de cargas é pequeno e existe capacidade para que haja o compartilhamento com o transporte de passageiros na região, que ligará a capital a Campinas e Vale do Paraíba.

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