Economia

Doenças crônicas custam 115 bilhões de euros à UE

o relatório afirma que investimentos em saúde pública e políticas de prevenção poderiam poupar centenas de milhares de vidas e bilhões de euros

Medicina: com faturamento de R$ 1,4 bilhão em 2017, o grupo São Francisco foi fundado há 70 anos em Ribeirão Preto, interior de São Paulo (Thinkstock/ktsimage/Thinkstock)

Medicina: com faturamento de R$ 1,4 bilhão em 2017, o grupo São Francisco foi fundado há 70 anos em Ribeirão Preto, interior de São Paulo (Thinkstock/ktsimage/Thinkstock)

AB

Agência Brasil

Publicado em 23 de novembro de 2016 às 17h00.

Última atualização em 23 de novembro de 2016 às 17h00.

Um relatório apresentado hoje (23) em Bruxelas estima que as mortes prematuras de 550 mil pessoas em idade ativa em países da União Europeia por doenças crônicas, como ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (AVC), diabetes e câncer, custam 115 bilhões de euros à Europa (ou 0,8% do seu PIB) anualmente.

O relatório Health at a Glance: Europe 2016 [em português, Um Olhar sobre a Saúde: Europa 2016], que analisa a saúde na Europa, foi apresentado hoje (23) em Bruxelas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Comissão Europeia.

Apresentado pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e pelo comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, o relatório afirma que investimentos em saúde pública e políticas de prevenção mais eficazes poderiam poupar centenas de milhares de vidas e bilhões de euros por ano na Europa.

O documento observa ainda que as diferenças de expectativa de vida entre os países do bloco são agravadas por desigualdades educacionais e sócio-econômicas.

Em média, em todos os países da União Europeia (UE), a expectativa de vida das pessoas com níveis de escolaridade mais baixos é sete anos menor do que para os mais instruídos.

A diferença é particularmente grande nos países da Europa Central e Oriental, especialmente entre os homens, devido à maior prevalência de fatores de risco.

Entre os mais pobres, o número dos que relatam um acesso limitado aos cuidados de saúde por razões financeiras aumentou em vários países da UE após a crise financeira global.

Na Grécia, por exemplo, a proporção de pobres que relatam que não tiveram suas necessidades de cuidados médicos satisfeitas devido ao custo mais que dobrou desde 2008, passando de 7% a 16%, em 2014.

Aproximadamente 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países da UE é gasto em licenças para tratamento de saúde e aposentadorias por invalidez anualmente, mais do que é gasto com seguro-desemprego.

No entanto, os Estados-Membros da UE destinam apenas cerca de 3%, em média, dos seus orçamentos de saúde aos serviços públicos e à prevenção.

Gastos de saúde por país

Ainda de acordo com o documento, registrou-se um crescimento lento dos gastos em saúde em muitos países da UE em 2015, representando, no total, 9,9% do PIB da UE. Alemanha, Suécia e França gastaram cerca de 11% do PIB em cuidados de saúde, seguidos pelos Países Baixos e pela Dinamarca (10,8% e 10,6%, respectivamente). Os países da parte oriental da UE tendem a gastar muito menos, variando entre 5% e 6% do PIB.

Em todos os países, há uma tendência de aumento do percentual de despesas com a saúde no PIB nos próximos anos, principalmente devido ao envelhecimento da população.

O investimento na atenção básica pode desempenhar um papel importante na redução das desigualdades na saúde e na resposta às novas necessidades de uma população europeia envelhecida.

Assegurar que os prestadores de cuidados primários sejam acessíveis onde quer que as pessoas vivam, seja em zonas rurais e remotas ou em bairros de cidades pobres, é crucial para reduzir o número de hospitalizações que poderiam ser evitadas em todos os países da UE.

Segundo o comissário Vytenis Andriukaitis, o relatório mostra que na UE muitas pessoas morrem todos os anos de doenças potencialmente evitáveis ligadas a fatores de risco como tabaco ou obesidade.

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