Agência de notícias
Publicado em 23 de maio de 2024 às 14h46.
Última atualização em 23 de maio de 2024 às 15h25.
O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, disse que a autoridade monetária passou a descrever neste ano a existência de alguma pressão do mercado de trabalho aquecido nos salários. Ainda que o processo de desinflação no Brasil continue, ele ponderou que há incertezas sobre qual é a sua velocidade.
Diante do debate entre economistas sobre a capacidade de expansão do emprego, em razão das surpresas, Guillen considerou que o Brasil tem um mercado de trabalho saudável, com ritmo forte de contratações.
Ele, emendou, porém, que o aumento dos salários parece menos relacionado à produtividade, o que pode significar pressão sobre os preços.
Diogo Guillen reforçou a mensagem de que o cenário internacional mais adverso, que levanta dúvidas sobre a velocidade da desinflação global, demanda maior cautela na condução da política monetária em mercados emergentes.
Ele disse que as incertezas no exterior estão relacionadas, sobretudo, aos próximos passos do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, assim como ao ritmo de queda dos juros em muitas economias avançadas diante do mercado de trabalho aquecido.
"As economias emergentes precisam de maior cautela quando conduzem suas políticas monetárias", comentou o diretor do BC. "Temos enfatizado uma dúvida sobre qual será a velocidade da desinflação global", reforçou.
As declarações de Guillen foram dadas durante palestra em seminário promovido pelo Centro Europeu de Economia e Finanças.
O diretor do BC também abordou a situação do Comitê de Políticas Monetária (Copom), dizendo que é difícil antecipar se a divisão a respeito das decisões no colegiado. Para ele, houve muito barulho em relação à ultima reunião do Copom, quando os diretores indicados pelo governo votaram por um corte maior dos juros.
Conforme o diretor, o BC buscou ser transparente em sua comunicação, inclusive na ata, sobre as razões que embasaram os votos da última reunião, que terminou com redução no ritmo de cortes de juros.
Guillen considerou que é importante haver visões diferentes no Copom, porém evitou opinar se o dissenso marcará as próximas reuniões.
"Difícil dizer se as decisões divididas serão mais comuns daqui para a frente", comentou o diretor do BC durante palestra em seminário promovido pelo Centro Europeu de Economia e Finanças.
Guillen disse ainda que a visão da autarquia sobre o potencial de crescimento da economia não incorporou diretamente os efeitos das reformas.
Apesar disso, ele demonstrou concordar com a ideia de que as reformas estruturais dos últimos oito anos, como a trabalhista e a da Previdência, contribuíram para melhorar o PIB potencial.
Durante a palestra, Guillen disse também que o BC vai atualizar a estimativa sobre o juro neutro, mas não com alta frequência.