Economia

Diplomatas da UE dizem que cabe ao Brasil salvar acordo comercial do Mercosul

O desmatamento na Amazônia segue no debate sobre do acordo comercial entre UE e Mercosul, que demorou duas décadas para ser negociado para ratificação

Bolsonaro acompanhado do Ministro da Economia Paulo Guedes na reunião do Mercosul na Argentina: o desmatamento na Amazônia tem aumentado no governo do atual presidente (Alan Santos/PR/Flickr)

Bolsonaro acompanhado do Ministro da Economia Paulo Guedes na reunião do Mercosul na Argentina: o desmatamento na Amazônia tem aumentado no governo do atual presidente (Alan Santos/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 07h51.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 14h59.

O tratado de livre comércio firmado entre a União Europeia e o Mercosul não será assinado se o Brasil não der passos concretos para a redução do desmatamento na Amazônia, disseram nesta quarta-feira embaixadores europeus.

"Precisamos de fatos... Se não tem avanços no vai ser possível assinar o acordo", disse a repórteres Ignacio Ybañez, embaixador da UE no Brasil.

Se isso não acontecer, a Comissão Europeia não poderá apresentar ao Parlamento Europeu o acordo que demorou duas décadas para ser negociado para ratificação, afirmou.

"Vamos continuar a ser exigentes com Brasil para ter resultados concretos. O Brasil sabe do trabalho que tem que fazer", disse Ybañez.

Em um avanço contra o protecionismo, a UE concordou em junho de 2019 em criar uma área de livre comércio de 700 milhões de pessoas com o bloco comercial sul-americano Mercosul, que é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Mas a França e o Parlamento Europeu desde então tem liderado uma oposição a finalizar o tratado, dizendo que o Mercosul precisa fazer mais para cumprir seus compromissos climáticos sob o Acordo de Paris e que o Brasil está falhando no combate ao desmatamento na Amazônia.

O desmatamento na maior floresta tropical do mundo tem aumentado desde que o presidente Jair Bolsonaro, que defende abertura de mais áreas da Amazônia ao desenvolvimento, assumiu o cargo em 2019. A destruição na porção brasileira da Amazônia atingiu nível mais alto em 12 anos no ano passado.

O governo brasileiro não pôde ser contatado imediatamente para comentar as declarações do enviado da UE, mas rejeita as críticas de que não está fazendo o suficiente para conter o desmatamento na Amazônia, proteger o meio ambiente e prevenir as mudanças climáticas. Argumenta que a pressão da UE sobre o Brasil vem de interesses protecionistas.

Diplomatas da UE buscam superar a resistência na Europa negociando uma declaração complementar que reafirme o compromisso do Mercosul e dos países da UE com a sustentabilidade e as metas ambientais.

Portugal, que ocupa a presidência da UE, espera que uma parceria estratégica e seus laços históricos e culturais com o Brasil possam ajudar a influenciar o governo brasileiro a assumir os compromissos.

“O Brasil tem que explicar em concreto que está a ser feito”, disse o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos.

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