Economia

Desemprego tem novo recorde na Espanha, que fará novos ajustes

O índice de desemprego atingiu 7,86%, o nível mais alto desde 1996

O dado é divulgado menos de duas semanas depois de Rajoy tomar posse como chefe de governo afirmando que combater o desemprego seria uma de suas prioridades
 (Reuters)

O dado é divulgado menos de duas semanas depois de Rajoy tomar posse como chefe de governo afirmando que combater o desemprego seria uma de suas prioridades (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2012 às 19h11.

Madri - A Espanha fechou 2011 com um novo recorde no número de desempregados, segundo números divulgados nesta terça-feira, enquanto o governo conservador de Mariano Rajoy prepara-se para aprovar novas medidas de ajuste para reduzir o déficit e lutar contra a crise.

O ministro da Economia do novo governo, Luis de Guindos, classificou os dados como 'maus e negativos' e disse que eles colocam em questão o Estado de bem-estar social. De acordo com os dados oficiais, no final de 2011 estavam desempregadas na Espanha 4,42 milhões de pessoas.

O novo recorde no número de desemprego - 7,86% superior ao de 2010 e o nível mais alto desde que em 1996 começou a ser medida esta série histórica - confirma 'a deterioração da situação econômica no segundo semestre do ano', segundo a secretária de Estado de Emprego, Engracia Hidalgo.

Em proporção à população ativa, no final de 2011 havia cerca de 22% de desempregados na Espanha - mais de 45% entre os jovens - taxas sem comparação na União Europeia e nos países industrializados.

O dado de desemprego de 2011 é divulgado menos de duas semanas depois de Rajoy tomar posse como chefe de governo afirmando que combater o desemprego seria uma de suas prioridades.

Para isso, o líder do Partido Popular ressaltou aos sindicatos de trabalhadores e à patronal do setor a necessidade de concordar uma nova reforma trabalhista antes que esta semana termine.

A secretária de Estado de Emprego reiterou nesta terça-feira que o Governo gostaria de realizar a reforma de acordo com os agentes sociais, mas advertiu que se não conseguir a responsabilidade do executivo é 'atuar'.


No entanto, os dois principais sindicatos, União Geral de Trabalhadores (UGT) e Comissões Operárias (CCOO) insistiram que uma nova reforma trabalhista não vai contribuir para criar emprego, e que é preciso uma política que reative a economia, já que sem atividade econômica não haverá necessidade de contratar trabalhadores.

Junto ao desemprego, que é uma das mais dolorosas manifestações da crise na Espanha e em grande parte responsável pela derrota eleitoral do Partido Socialista em novembro, o novo executivo confirmou nesta terça-feira os temores de que 2011 terminou sem superávit no sistema de Seguridade Social.

Faltando ainda a divulgação dos dados definitivos, o secretário de Estado de Seguridade Social, Tomás Burgos, disse que ainda precisa calcular o déficit, mas insistiu que não haverá superávit em 2011.

O executivo de Rajoy arrancou na semana passada sua estratégia contra a crise com a aprovação de um duro pacote de ajuste, que inclui um primeiro corte orçamentário de quase 9 bilhões de euros e a alta do imposto sobre a renda.

Também foi anunciado o congelamento um ano a mais dos salários dos funcionários públicos - que em 2010 foi cortado em 5% em média - e a do salário mínimo interprofissional, que atualmente é na Espanha de 641 euros (US$ 824) ao mês, um dos mais baixos da União Europeia.

O ministro da Economia disse que na próxima quinta-feira, no novo Conselho de Ministros, serão adotadas novas medidas que não detalhou, embora descartou que seja adotada uma alta do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA).

Guindos disse que os cortes e as altas de impostos aprovadas até agora foram positivamente percebidas nos mercados, que veem que o executivo espanhol está cumprindo com o compromisso de reduzir o déficit público a 4,4% do Produto Interno Bruto em 2012, para o que realizará reformas estruturais 'agressivas'.

O Governo justificou algumas das medidas - como a alta de impostos - por ter encontrado um déficit em 2011 de 8% do PIB, contra 6% comunicado pelo Governo socialista anterior. 

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