Desempregada lê anúncios de emprego na Itália (Alessia Pierdomenico/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de janeiro de 2014 às 10h08.
São Paulo - Começa amanhã o encontro da elite política e econômica do mundo no Fórum Econômico Mundial em Davos.
Ontem, foi a vez da Oxfam chamar a atenção para o problema da desigualdade. Hoje, a Organização Mundial do Trabalho (OIT) lançou um documento sobre a situação do emprego no mundo.
O diagnóstico geral é sombrio: o mundo perdeu 62 milhões de empregos desde 2008 e atualmente, 202 milhões de pessoas estão desempregadas.
Os jovens são os mais afetados, a informalidade cresceu e o desemprego de longo prazo se tornou um desafio de política pública nos países desenvolvidos.
A luta contra a pobreza foi abalada e a concentração de renda aumentou.
Brasil
Em relação ao Brasil, a previsão é de que a taxa de desemprego atual, estimada em 6,7%, caia para 6,6% em 2014 e 6,5% em 2015 e 2016.
Ano | Taxa |
---|---|
2007 | 8,1% |
2012 | 6,9% |
2013 (est.) | 6,7% |
2014 (proj.) | 6,6% |
2015 (proj.) | 6,5% |
2016 (proj.) | 6,5% |
A taxa brasileira supera a mundial (6%), a das economias emergentes do G20 (5%) e a de todos os BRIC, grupo formado por Rússia (5,8%), Índia (3,6%) e China (4,5%).
De acordo com a última PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE, a taxa de desemprego foi de 4,6% em novembro de 2013 - a menor da série histórica.
Já de acordo com a PNAD contínua, que calcula o desemprego com nova metodologia e mais abrangência e foi divulgada pela primeira vez na última sexta-feira, a taxa é quase 3 pontos percentuais maior e foi de 7,4% no segundo trimestre de 2013.
Problemas
Mais do que a taxa, o Brasil tem dois problemas já bem conhecidos no campo do emprego.
Um deles é a alta taxa de nem-nems, aqueles jovens que nem estudam nem trabalham - na sigla em inglês, NEETs (not in employment or training).
19,6% dos jovens brasileiros estão nessa categoria, de acordo com os últimos números do IBGE (a OIT usa a taxa de 18,4%, de 2009).
Diferentes grupos são afetados de forma desproporcional: a taxa chega a 28,2% entre jovens mulheres negras.
O problema é tão econômico quanto social: "jovens nem-nems podem estar menos engajados e mais insatisfeitos com suas sociedades do que aqueles que estão empregados ou no sistema educacional", alerta a OIT.
O relatório também cita o conhecido problema da baixa produtividade brasileira, que tem dificuldade em transformar mais emprego em mais riqueza.
"Muitas partes da indústria manufatureira não se beneficiaram de inovação ou diversificação significativas, e como resultado, ganhos de produtividade não chegaram a níveis que sustentam o crescimento econômico", diz o relatório.