Economia

Demanda e preço estimulam aumento do confinamento de bovinos

Confinamento de bois deve crescer ao menos 6% este ano, que mantêm os preços da arroba perto de patamares recordes


	Gado em uma fazenda em Barretos, interior de São Paulo: confinamento representa cerca de 10 por cento do número total de abates de bovinos no país
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Gado em uma fazenda em Barretos, interior de São Paulo: confinamento representa cerca de 10 por cento do número total de abates de bovinos no país (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 17h58.

São Paulo - O confinamento de bois deve crescer ao menos 6 por cento este ano, embalado pela forte demanda interna e crescentes exportações de carne bovina, que mantêm os preços da arroba perto de patamares recordes, disseram especialistas.

Por este sistema de criação, os animais são alimentados em cochos com ração na fase final de engorda até atingirem o peso ideal para abate.

Tradicionalmente, este sistema é adotado no Brasil nos meses de seca, entre maio e setembro, quando os pastos perdem vigor nutricional.

A divisão para pecuária da Agroconsult estima que a terminação de animais em confinamento vai aumentar 6,2 por cento sobre o ano passado, para 4,3 milhões de cabeças em 2014.

"Esta é uma estimativa inicial e, provavelmente, aumentaremos essa estimativa com a mudança para um cenário mais favorável aos confinadores", disse o analista da Agroconsult, Maurício Nogueira.

A expectativa para este ano é muito forte, com empresas citando demanda por cortes especiais no período de Copa do Mundo no Brasil e forte alta das exportações de carne bovina, que saltaram, por exemplo, 45 por cento em fevereiro.

Relação Favorável

O confinamento representa cerca de 10 por cento do número total de abates de bovinos no país, mas costuma interferir nos preços de mercado por permitir a entrada de animais num período em que a oferta normalmente é mais reduzida.


A decisão de confinar animais depende em grande parte da relação entre os preços futuros da arroba bovina e da perspectiva de custos de produção.

Se a relação for favorável, com preços cobrindo custos e garantindo algum retorno, o pecuarista pode optar por confinar mais animais e garantir mais ganhos na chamada entressafra.

Neste ano, apesar da expectativa de aumento dos preços do milho, principal ingrediente da ração, a forte demanda por carne bovina --tanto interna como externa-- puxa uma alta da commodity bem superior ao custo com o insumo.

Além disso, uma seca severa em parte de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, afetou a recuperação das pastagens e, consequentemente, a oferta de animais prontos para abate.

Neste cenário, o indicador Esalq/BM&FBovespa do boi gordo, base Estado de São Paulo, vem batendo recordes nominais seguidos, neste cenário de consumo firme e oferta limitada.

O acompanhamento da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) indica que o preço do milho está 7,7 por cento mais alto em relação ao ano passado (base quarta-feira), contra um incremento de 24,5 por cento no valor da arroba no mesmo período.

O contrato outubro na BM&FBovespa, tido como referência para o pecuarista que quer confinar, indica 125 reais a arroba.

"Já vemos uma valorização do milho, mas o preço do boi gordo está interessante, puxa a rentabilidade para cima", disse o gerente executivo da Assocon, Bruno Andrade.

O gerente da Assocon trabalha com um incremento possível de 8 a 10 por cento no número de animais confinados em 2014. No ano passado, o membros da Assocon confinaram 747 mil cabeças de gado.

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