Demanda de proteínas vai estimular produção agrícola
Produção agrícola mundial dos próximos 10 anos será estimulada pela demanda de proteínas, carne e produtos lácteos, segundo a FAO e da OCDE
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2014 às 12h51.
Paris - A produção agrícola mundial dos próximos 10 anos será estimulada pela demanda de proteínas , carne e produtos lácteos, segundo as perspectivas publicadas nesta sexta-feira pela FAO e a OCDE em um relatório conjunto.
Nas perspectivas da agricultura mundial para o período 2014-2023, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) e a Organização das Nações Unidos para a Agricultura e Alimentação (FAO) preveem ainda um aumento da produção de cereais, "que continuam sendo a base da dieta humana" e também para alimentar o gado.
Mas o relatório também aponta que o "aumento da renda, da urbanização e das mudanças de hábitos alimentares contribuem para uma mudança em direção a dietas com maior teor de proteínas, gorduras e açúcar".
"A previsão é de que na próxima década a produção de gado e de biocombustíveis deve crescer a uma taxa superior a da produção de grãos", afirmam as duas organizações.
OCDE e FAO esperam, portanto, uma reorientação a favor dos cereais secundários (milho, cevada) e das sementes oleaginosas, com o objetivo de suprir uma demanda crescente de rações e biocombustíveis, em detrimento de produtos básicos como arroz e trigo, o cereal mais cultivado do mundo.
O crescimento da produção agrícola mundial terá sua origem principalmente nos países em desenvolvimento da Ásia e da América Latina, destaca o relatório.
"As Américas reforçarão a posição exportadora dominante, tanto em termos de valor como de volume", afirma o documento, que aposta em particular no aumento da produção açucareira no Brasil.
As organizações também projetam que os preços internacionais do açúcar devem se recuperar depois da queda registrada no fim de 2013, graças a uma demanda mundial revitalizada.
"As exportações do Brasil serão influenciadas pelo mercado de etanol".
Para os biocombustíveis, o relatório estipula que os níveis de consumo e produção devem registra aumento de mais de 50% na próxima década, liderados pelo etanol e o biodiesel obtidos da cana-de-açúcar.
África e Ásia aumentarão as importações líquidas para suprir uma demanda crescente.
O comércio prosseguirá em alta, mas com um ritmo mais lento que o registrado na década anterior.
Os preços dos produtos agrícolas registrarão queda por mais um ou dois anos, mas depois devem iniciar um processo de estabilidade em níveis que, apesar de acima do período anterior a 2008, ficarão abaixo dos recordes observados recentemente.
As organizações também esperam um aumento nominal de preços a médio prazo para a carne, laticínios e pescado.
O documento destaca uma forte demanda de importação de carne pela Ásia, o que propicia níveis recorde no preço da carne bovina e a presença das aves de curral, em particular o frango, como o tipo de carne mais consumido.
No capítulo da pesca, OCDE e FAO apontam a aquicultura como "um dos setores alimentares de crescimento mais intenso".
Também destacam que no caso do consumo humano o setor deve superar ainda este ano a pesca de captura.